O Rio Ave deu cerca de quarenta minutos ao Feirense e por pouco não hipotecou o quinto lugar. Acabou a correr contra o tempo e sorriu no final. Do outro lado, os fogaceiros ficam a dever a si próprios o facto de não terem amealhado qualquer ponto na visita a Vila do Conde.

O primeiro triunfo ao final de um mês que permite aos vila-condenses ganharem fôlego na luta por um possível lugar europeu. Por seu turno, o Feirense não conseguiu prolongar o ciclo positivo e fica dependente do que os principais perseguidores fizeram nesta ronda para saber se cai para a zona vermelha da tabela.

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Miguel Cardoso manifestou vontade de resgatar o bom futebol que o Rio Ave praticou na fase inicial da época . Porém, decidiu colocar Chico Geraldes – talvez o melhor intérprete da sua forma de ver o jogo – no banco. Seria injusto afirmar que os vila-condenses iniciaram mal o encontro devido ao médio emprestado pelos leões estar no banco.

O Rio Ave usa, preferencialmente, os corredores laterais para atacar e para abrir brechas na organização contrária. Inteligente, Nuno Manta preparou a sua equipa de forma a anular o ponto forte do adversário. Para além da competência contrária, os vila-condenses sofreram quando se viram obrigados a jogar pelo corredor central, sobretudo porque não tinham quem segurasse a bola, aguentasse e esperasse as desmarcações de um colega.

A posse era da equipa de verde, mas o perigo era maioritariamente criado pelo Feirense que até jogava contra o vento. Logo ao minuto oito, poucos minutos após a grande maioria dos adeptos fogaceiros terem entrado no Estádio, Luís Machado inaugurou o marcador. Passividade defensiva, má abordagem ao lance de Nélson Monte e o extremo do conjunto de Santa Maria da feira, mais astuto que Lionn, empurrou para o fundo da baliza de Cássio.

O golo contrário não espicaçou o Rio Ave. O futebol rendilhado manteve-se, mas sem efeitos práticos. A dupla de centrais do Feirense, Luís Rocha e Briseño, anularam as investidas de Guedes e Novais. Acabou por ser Barreto – chamado ao onze – a dar um abanão no jogo com um pontapé fortíssimo, embalado pelo vento, a sair a centímetros da baliza contrária (40’).

A partir daí, o Rio Ave ganhou ímpeto e fez a bola andar mais rápido. Yuri Ribeiro – o melhor em campo – executou um cruzamento primoroso para a cabeça de Guedes, que obrigou Miskiewicz à defesa da tarde (45’).

Precisamente no minuto anterior ao cabeceamento de Guedes, Crivellaro teve nos pés a oportunidade de aumentar a vantagem do Feirense, mas atirou ao lado.

No início da etapa complementar, Miguel Cardoso resgatou Chico Geraldes. E em boa hora o fez. Com Chico em campo, o futebol do Rio Ave sobe para patamares superiores. Não de excelência, mas superiores.

Dois minutos após a entrada do criativo, o Rio Ave conseguiu o empate. A atitude no reatamento já era outra, mas no futebol, o golo é o que eleva as equipas, dá-lhes ânimo e acima de tudo, crença. E Miguel Cardoso deve ter sorrido ao minuto 57: Chico Geraldes dominou, rodou e solicitou Tarantini que de primeira serviu Yuri na esquerda. O cruzamento saiu milimétrico e Guedes limitou-se a cabecear para a igualdade. Uma jogada que merece ser revista.

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As dificuldades do Feirense conversar a posse de bola ou chegar à frente, acentuaram-se. Os homens de Nuno Manta preparam-se para o ímpeto contrário e, porventura, pensaram que um ponto na luta pela despromoção seria melhor do que nenhum.

Acabou castigado por esse recuo excessivo perto do minuto 90, para beneficio, claro está do Rio Ave, que correu uma espécie de contrarrelógio e venceu. Gelson Dala lançado para o lugar do apagado Gabrielzinho para o quarto de hora final, chegou primeiro à bola que Miskiewicz e acabou derrubado pelo guarda-redes. Vasco Santos apitou para a marca dos onze metros, ouviu o VAR (Soares Dias) e manteve a decisão.

Pelé não tremeu e carimbou a reviravolta do Rio Ave para gaudio dos adeptos da casa. Os mesmos que na primeira parte tinham assobiado, aplaudiram na segunda uma equipa que jogou venceu agarrada à sua ideia. O futebol continua a ser um lugar estranho.