Daniel Ramos tinha avisado na antevisão ao jogo desta segunda-feira que contava com o «factor casa» para superiorizar-se ao Desp. Chaves. Mas os 90 minutos da partida que encerrou a 28.ª jornada da Liga acabaram por revelar que os flavienses jogaram como se estivessem em Chaves, tal o domínio que deixaram em campo.

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Só que dominar o adversário, ter mais posse de bola e criar mais oportunidade de golo nem sempre chega para se vencer uma partida de futebol. Aproveitar as ocasiões criadas é tudo. E foi assim que o Marítimo venceu o Desp. Chaves no «Caldeirão», com uma eficácia tremenda nas poucas vezes em que se aproximou do último reduto dos transmontanos.

O jogo terminou em 2-1. Não espelha o domínio nem o número de ocasiões criadas por flavienses e madeirenses. Revela, contudo, que as aspirações dos visitantes em chegar a um lugar europeu deverão ter sido desfeitas, enquanto que as do Marítimo saíram mais reforçadas.

Entraram muito melhor os flavienses, com uma pressão alta claramente apostada em não permitir que o Marítimo fosse capaz de construir com critério. No final do primeiro quarto de hora, a posse de bola rondou os 70 por cento para a equipa visitante, tal o domínio que foi capaz de exercer na partida.

O Marítimo só conseguiu sacudir a pressão alta dos flavienses depois de meia hora de jogo, já depois de Daniel Ramos ter lembrado aos seus jogadores que não estavam a cumprir o plano delineado em termos de posicionamento no terreno.

Antes da sacudidela na pressão visitante, o forte domínio dos transmontanos também foi contemplado em termos de lances de perigo. Mas os remates de Tiba, Perdigão e Braga, em lances criados entre os dez e os 30 minutos de jogo, apenas serviram para assustar o guardião Charles. Pelo meio, o verde-rubro Edgar Costa rematou ainda fora da área, numa das poucas aproximações à área de Ricardo, levando a bola a passar ao lado.

Depois aconteceu aquilo que já foi registado em alguns jogos no Caldeirão esta época. A pressão da equipa visitante baixou de intensidade e, ao permitir que o Marítimo saísse do «colete de forças» para zonas mais adiantadas do terreno, sofreu um golo contra a corrente do jogo.

Aos 39', a defesa flaviense demorou a afastar o esférico e na insistência, Fransérgio domina com o peito e assiste Keita, que rematou de primeira com o pé esquerdo. A bola bate na cara de Nuno André Coelho e assume um rumo rasteiro, acabando por entrar junto ao poste esquerdo da baliza do traído guardião Ricardo.

Com tão pouco tempo para reagir antes do intervalo, e perante um Marítimo galvanizado, praticamente não foi possível aos flavienses responderem à desvantagem, que, diga-se em abono da verdade, não se justificava. 

No regresso das cabines, o Desportivo de Chaves voltou a entrar mais forte. Mas desta feita apostado em arriscar mais do que havia feito no primeiro tempo, ou não estivesse em desvantagem no marcador.

O primeiro aviso sério dos flavienses foi deixado aos 53’, quando Perdigão, isolado superiormente por Tiba, rematou quase na cara de Charles. Valeu que o jovem guardião brasileiro foi enorme na defesa que «assinou» para canto.

Com o Desp. Chaves a carregar com tudo, Charles foi chamado pouco depois a intervir, mas o remate de Bressan foi desviado para a frente e Perdigão, que com tempo e espaço para decidir bem, não perdoou.

O golo introduziu muita intranquilidade na equipa do Marítimo e , como seria de esperar, produziu o contrário entre o bloco flaviense. Aos 61' William acertou na barra, após um grande cabeceamento, e logo de seguida Perdigão falhou o segundo de forma estrondosa, após novo grande passe de Tiba.

Face ao evidente desnorte insular, Daniel Ramos foi obrigado a mexer no onze inicial. Só que quando se preparava para o fazer, foi confrontado com a lesão de Maurício, que acabou por ceder o lugar a Coronas. Contudo, o técnico madeirense ainda trocou Alex Soares por Éber Bessa.

As duas paragens geradas pela lesão de Maurício e a assistência a Charles, entre os 63 e os 66 minutos, deverão ter ajudado a quebrar o ritmo endiabrado dos flavienses. E o jogo acabou por ficar partido quando as substituições de Carlos Rosa, que substituiu o castigado Ricardo Soares, começaram ser realizadas.

O Chaves estava por cima, mas o técnico queria mais. Só que o Marítimo, já reequilibrado para explanar melhor o contra-ataque, acabou por chegar novamente à vantagem.

Aos 83', Nuno André Coelho demorou a decidir o que fazer com o esférico e permitiu que António Xavier recuperasse para lançar o contra-ataque que veio a concluir à ponta de lança após passe de Fransérgio desde a esquerda.

Em cima dos 90 minutos, Fábio Martins ainda apareceu em zona privilegiada, mas falhou o empate. Mas foi Ricardo a evitar, já em período de descontos, que o Marítimo chegasse ao terceiro, por Keita.