Manuel Machado reconheceu na antecâmara do Estoril-Moreirense que o momento que os cónegos atravessavam estava longe de ser o ideal. O treinador da equipa minhota recorreu à terminologia agrícola para explicar por que razão os resultados ainda não eram os melhores. «Esta é uma hora muito mais de semear do que de colher», apontou o professor.

Neste domingo à noite, o Moreirense colheu finalmente a primeira vitória na Liga em casa de um Estoril que só tinha sido travado até agora por Sporting e FC Porto para o campeonato.

FILME E FICHA DE JOGO

Exibição consistente de um Moreirense adubado e que dificultou ao máximo a tarefa de um Estoril que nunca conseguiu desenredar-se da densa teia montada pelos homens de Manuel Machado ao longo dos 90 minutos.

Desinspirada, despersonalizada, irreconhecível. Assim se resume a exibição do conjunto de Pedro Emanuel, claramente ao nível do pior que já se viu desde que o técnico chegou à Amoreira em março deste ano.

Os elogios ao futebol apelativo da equipa da Linha não deixaram de fazer sentido, mas não cabem nesta crónica. Terá o Moreirense sido superior ao Estoril? Não. Mas foi amplamente mais competente.

Manuel Machado montou um onze coeso, capaz de isolar Kléber na frente de ataque e de limitar as ações de construção de Eduardo e Lucas Evangelista pelo centro do terreno.

Dois cruzamentos perigosos – um pela direita e outro pela esquerda a meio da primeira parte – foi o que se viu dos estorilistas no primeiro tempo, apesar do maior volume de jogo. Tímido e apenas com Tozé a espreitar alguns atrevimentos, o Moreirense mantinha-se com uma equipa curta: linhas baixas e ordem para subir esporadicamente, como aconteceu aos 34 minutos quando o marroquino Aberhoun, no primeiro canto do conjunto de Manuel Machado no jogo, saltou sem oposição e apontou o segundo golo do Moreirense em todo o campeonato.

Cabia ao Estoril mudar o guião que ameaçava tornar-se inalterado até ao final da partida. Com o estreante Tozé mobilizado da esquerda para o centro do terreno, os minhotos apresentaram uma versão ainda melhor no segundo tempo.

Do Estoril o upgrade necessário tardava em surgir perante uma equipa arrumada. Pedro Emanuel tentou arrasar a plantação de Machado à força: primeiro com as entradas de Matheus Índio e André Claro; depois com Bruno Gomes.

Mas o tempo era mais favorável à plantação dos visitantes, que resolveram a questão por Zizo após boa iniciativa individual de Tozé, que mostrou poder ser mais do que uma semente profícua para o ataque à Liga 2017/18.