Tarefa cumprida, sim senhor, num campo de exigência máxima, mas novamente com a imagem predominante – qualidade, segurança e criatividade - a ser turvada por uma quebra inexplicável de corpo e espírito no período entre os golos de Tarantini e Hernâni.
Não veio daí grande mal ao mundo e azul e branco, porém, já depois de se saber que o Benfica não escorregara na receção à Académica.
Talento de artista, paciência de contabilista, prontidão de bombeiro voluntário. Teve tudo isto e muito mais o FC Porto durante três quartos do jogo. Mandão, pressionante, a limitar toda e qualquer ação do Rio Ave.
A vencer por 0-2 e com o jogo aparentemente controlado, a equipa tremeu por culpa própria e só acalmou com o terceiro golo.
FICHA DE JOGO E NOTAS AOS ATLETAS
Motivos do súbito desassossego? Mérito do Rio Ave, naturalmente, até aí (minuto 71) profundamente inofensivo, mas também alguma descompressão do Porto, como se o jogo estivesse ganho antes de Vasco Santos apitar para o final.
E já que se fala do árbitro, vale a pena dizer que foi atraiçoado duas vezes por um dos árbitros assistentes. Primeiro ao anular mal, muito mal, um golo a Brahimi (não existe qualquer fora de jogo) e depois ao não assinalar um fora-de-jogo a Danilo antes deste sofrer falta (clara) de Marvin Zegelaar para penálti.
Quaresma aproveitou esse lance para inaugurar o marcador – aos 25 minutos – e aplicar enorme dose de justiça à entrada francamente boa do FC Porto em jogo.
Até ao intervalo, de resto, os dragões mostraram a sua melhor versão. A jogar contra o vento, o FC Porto não se precipitou, apostou no futebol apoiado, na progressão em tabelas e triangulações, e criou vários lances para golo.
Chegou à vantagem na tal grande penalidade de Quaresma e ao 0-2 num remate muito bem colocado de Danilo, à entrada da área e na saída para o intervalo.
Hernâni matou todas as dúvidas
Sempre mais forte e convincente, o FC Porto permitiu só um cabeceamento perigoso a William Jebor – o substituto do lesionado Hassan na posição nove do Rio Ave – e provou ter conseguido afastar do pensamento a iminente chegada do Bayern Munique.
Até, lá está, Tarantini reduzir a distância e colocar um enorme ponto de interrogação sobre o jogo. E nessa altura, o pior FC Porto apareceu. O FC Porto que se fecha em casa e se pune com um silício no escuro, como se sentisse culpado por ser feliz e viver de sorriso nos lábios.
Uma dor dissipada a tempo e horas por Hernâni, no primeiro golo do ex-Vitória Guimarães de dragão ao peito. Lopetegui percebeu o perigo e eliminou-o com a colocação de Rúben Neves no meio-campo e a colocação de Óliver na esquerda, sacrificando Brahimi - antes já trocara Quaresma por Hernâni.
Resultou, resultou bem e o Benfica continua a três pontos. Há seis jornadas por disputar. O FC Porto venceu onde as águias perderam no dia 21 de março. E vêm aí os poderosos alemães de Pep Guardiola.
Bom jogo em Vila do Conde, três pontos acertadíssimos para a contabilidade dos dragões, dois erros graves da equipa de arbitragem, a dividir o mal pelos dois clubes. Tanta emoção.