A vida depois da glória costuma ser dura e penosa. E também cruel. Como foi para a Alemanha no último Mundial, por exemplo. Porém, depois das conquistas, a vida sorri ao FC Porto, a julgar pelas primeiras duas amostras da versão 18/19. Por mérito próprio sublinhe-se.

Os campeões nacionais parecem permanecer insaciáveis e mostraram-no esta noite frente ao Desportivo de Chaves. Um triunfo por 5-0, expressivo e incontestável, diga-se.

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De resto, Conceição repetiu o onze que iniciou a partida da Supertaça e colheu dividendos bem cedo. A pressa foi amiga da perfeição, por assim dizer. Logo aos 14 minutos, Aboubakar apontou o primeiro da noite. Reação fortíssima à perda e pressão alta de Otávio que roubou a bola a Ghazaryan. O cruzamento tinha André Pereira como destino, mas o avançado abriu as pernas e deixou o camaronês solto para a primeira explosão de alegria no Estádio do Dragão.  

A pressão asfixiante do FC Porto continuou e as ocasiões junto da baliza de Ricardo – novidade na equipa de Daniel Ramos a par de William e Gallo – sucederam-se. O guarda-redes dos flavienses viu o disparo de André Pereira passar a centímetros da baliza.

André Pereira desperdiçou, ao contrário de Aboubakar. Cinco minutos depois da oportunidade do avançado português, o camaronês chegou ao bis. Jogada deliciosa do FC Porto: André Pereira passou para Sérgio Oliveira. O médio fez um passe sensacional a rasgar a defesa contrária para Otávio que assistiu Vincent para o 2-0.

Estavam decorridos apenas vinte minutos. Um pesadelo em tons de azul e branco para o conjunto de Trás-Os-Montes, que pareceu sempre demasiado preso. Não teve capacidade para segurar a bola ou sair em transição. E, sobretudo, mostrou-se muito frágil. Tudo somado, transformou-se numa presa fácil para o adversário.

Caro leitor, permita-me abrir um parêntesis para Brahimi. O argelino esteve na génese dos melhores lances do jogo. Driblou, simulou, passou, enfim, fez de tudo um pouco. É quem oferece rasgo à equipa. Após ter desperdiçado duas oportunidades quase consecutivas (23’ e 27’), o desconcertante magrebino fez o 3-0 em cima do intervalo. Quem diria que esteve em risco de falhar a partida.

Entre o segundo e terceiro golos, a equipa de Daniel Ramos libertou-se. Ainda assim, terminou os primeiros quarenta e cinco minutos sem qualquer remate à baliza.

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Se a primeira parte foi sufocante, a segunda não ficou atrás. Foi uma autêntica avalanche de futebol ofensivo. Aboubakar ficou a dever a si próprio o hat-trick por três vezes (46’, 54’ e 69’). O marcador assumir contornos de goleada parecia uma questão de tempo. E assim foi.

Corona, que tinha entrado há quatro minutos, aproveitou um passe errado de Maras para correr com a bola em direção à área contrária. Após ultrapassar Marcão, o mexicano disparou um míssil que só parou no fundo da baliza de Ricardo.

O Desportivo de Chaves estava entregue há muito tempo e quase que exasperava pelo apito final de Nuno Almeida, desespero esse que cresceu com a expulsão de João Teixeira. No entanto, antes do final da partida, ainda houve tempo para o estreante Marius juntar o seu nome à lista de marcadores.

O FC Porto inicia de forma firme e convicta a defesa pelo título. Os dragões querem tornar a vida depois da glória agradável.