Às vezes basta um rasgo de inspiração para mudar um jogo e foi isso que aconteceu este domingo à tarde no Bessa. Os rasgos de inspiração de Iuri Medeiros (sim, plural) trouxeram beleza a um jogo que até então estava marcado por muitos duelos, nem sempre interessantes, e muito restritos à zona de meio campo. Dois golos, uma assistência, e algumas jogadas de encher o olho, num encontro em que o avançado mostrou o que de bom é capaz de fazer.

Conhecendo-se bem, Boavista e Marítimo entraram em campo a tentar anular os pontos fortes do adversário e isso refletiu-se num encontro tático, com muito jogo a meio campo, nem sempre bonito, bastante faltoso até, e com pouco resultado no que a perigo diz respeito.

Aos poucos, sobretudo pelos flancos, o Boavista foi rasgando com esse modelo. Jogadas de combinação entre três ou quatro jogadores, a começar com a subida dos laterais, e a envolver os extremos, e a conseguir, aos poucos, colocar a bola na área. Edu Machado obrigou Charles a uma grande defesa, num desses lances, mas o maior trunfo dos axadrezados era de bola parada. Aí é que o perigo maior estava a surgir.

Philipe recebeu na área, mas atrapalhou-se e não conseguiu o remate à boca da baliza, na sequência de um livre. Noutro, Fábio Espinho rematou por cima, mas com a bola a passar perto da trave. E à terceira, Iuri Medeiros, num livre batido em posição quase frontal, rematou de pé esquerdo, encontrou o buraco da agulha e fez a bola passar ao lado da barreira, junto ao poste, e abriu o marcador.

Estavam passados 29 minutos e o golo mudou de imediato o jogo. Os duelos a meio campo passaram para segundo plano, com as duas equipas a procurarem de forma mais aberta o golo.

Este foi o melhor momento do Marítimo no jogo, com algumas movimentações de Keita na frente, servido por Ghazaryan, Zainadine e Fransérgio. Mas, sem consequências no que ao marcador diz respeito.

Do outro lado, Iuri Medeiros colocou para Bulos na área, mas este, à boca da baliza, estava um passo à frente do que era preciso, e não conseguiu o remate.

A segunda parte trouxe as equipas na mesma toada, mas Iuri Medeiros não tardaria a voltar a agitar as águas. Novamente de livre, desta vez mais descaído para a direita, ao jeitinho do seu pé esquerdo, e Charles viu a bola entrar entre ele e o poste.

O Marítimo sentiu o golo ainda mais. Procurava reagir, mas sem grande sucesso, e Iuri ainda não tinha acabado o que tinha para fazer. Numa arrancada da direita, fletiu até ao corredor central e deixou para Bulos, que rematou, fazendo a bola passar pelo meio das pernas de Charles.

Daniel Ramos mexeu na equipa, não querendo aceitar passivamente o destino, e Djoussé até entrou bem, com algumas iniciativas que levaram perigo à baliza de Vagner, mas a bola não quis entrar.

O Boavista é agora 8.º, com 33 pontos. O Marítimo marca passo na luta pela Europa e continua 6.º com 37 pontos.