O passado serve, muitas vezes, para dar-nos indicações para o futuro. Pois bem, o Boavista de Jorge Simão confirmou o crescimento anunciado na época passada. O Bessa, qual fortaleza, sustentou esse crescimento.

Os axadrezados fecharam com chave de ouro a época. Venceram o Belenenses, igualaram registo caseiro da época 2001/02 – em que foram vice-campeões - e superaram o registo pontual da época passada. Podem ainda acabar a temporada na sétima posição, embora estejam dependentes do resultado do jogo do Marítimo.

Mas deixemos os números e os registos. O Boavista mostrou cedo que queria ultrapassar a meta pontual do ano anterior. Alicerçou o seu jogo no futebol em jogadas de apoio, de toque curto, capaz de encontrar espaços quer no espaço central, quer nos corredores.

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Ainda assim, as primeiras oportunidades surgiram na sequência de lances de bola parada. Idris viu o seu cabeceamento sair por cima (6’) e Carraça atirou, de livre direto, para a bancada.

A proposta de jogo do Belenenses seduz, mas ao mesmo tempo, aterroriza. Pelo menos esta noite assustou, devido à incapacidade gritante para sair a jogar desde a sua área. Persson e sobretudo Cleylton – primeira vez titular esta época – acumulavam passes errados, permitindo que o Boavista recuperasse bolas em zonas adiantadas. Foi assim que nasceu a primeira grande oportunidade da pantera, porém Muriel, com uma boa intervenção, negou o golo a Fábio Espinho.

Espinho não marcou, mas deu a marcar. Tudo começou, invariavelmente, numa recuperação de bola em zona adianta. David Simão atraiu e libertou Fábio Espinho que isolou Kuca. O resto foi inspiração do cabo-verdiano. Levantou a bola por cima de Gonçalo Silva e fuzilou Muriel.

A vantagem do Boavista era inquestionável. Ainda assim, teve o condão de despertar o Belenenses, praticamente inexistente em termos ofensivos. Fredy aqueceu as luvas de Vagner (26’) e, no lance imediatamente a seguir, Gonçalo Silva desperdiçou em excelente posição.

Nos últimos cinco minutos da etapa inicial, Bruno Pereirinha foi expulso por acumulação de amarelos. E foi em inferioridade numérica que a equipa de Silas criou a melhor ocasião de toda a partida. Talocha fez um corte in extremis e impediu o golo de Bouba Saré, após uma boa jogada de Fredy.

Ainda houve tempo para Renato Santos desperdiçar a oportunidade de arrumar com a questão relativa ao vencedor do encontro. Muriel voltou a brilhar e, acima de tudo, a manter o Belenenses vivo na discussão do resultado.

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A apatia do Belenenses nos primeiros minutos do jogo contagiou a equipa do Boavista no início da segunda parte. A letargia desapareceu dos homens de xadrez quando Licá igualou a partida. Porém, Rui Oliveira consultou o VAR e anulou o lance.

O Boavista respirou fundo, recuperou do susto e foi à procura do tento da tranquilidade. Em suma, parecia ter aprendido lição.

A falta de eficácia e um grande Muriel impediram o 2-0 e foram alimentando as esperanças dos azuis do Restelo que por pouco, não chegaram ao empate ao minuto 77. Vagner opôs-se muito bem ao pontapé de Florent.

A vitória assenta bem ao Boavista, já que foi a equipa mais consciente durante a maior parte do tempo. Para além da festa portista na cidade Invicta, houve também festa em tons de xadrez. Mal soou o apito final, os adeptos do Boavista invadiram o relvado e celebraram mais um etapa do crescimento do clube junto dos jogadores.

O Belenenses é 11.º da tabela, mas pode terminar a época na 13.ª posição, ainda assim, melhor classificado que no ano anterior (14.º)