O Belenenses empurrou para longe aquela espécie de velho do Restelo que Domingos Paciência identificou estar a assolar por estes dias a equipa lisboeta.

Num final de tarde abrasador, o espírito negativista dos cerca de 2 mil adeptos dos azuis nas bancadas foi substituído por um sorriso mais tranquilizador.

Não era necessário rasgar princípios de jogo nem de promover grandes revoluções, mas o Belenenses que se viu neste sábado teve pouco a ver com aquele pouco confiante que se apresentou na segunda-feira passada na derrota com o Rio Ave. Este olhou de frente um candidato europeu e foi superior em quase todos os capítulos de jogo.

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Para isso contribuíram as alterações promovidas por Domingos Paciência: quatro no total, mas com sublinhado mais grosso para Filipe Chaby e Maurides.

Do outro lado um Marítimo mais vacilante do que o normal. Frigidez quase total da equipa de Daniel Ramos em ataque organizado e apenas um ou outro laivo produzido em lances de bola parada.

A confiança dos azuis foi crescendo com boa entrada em campo, mas os lances de perigo não abundavam. Ainda assim, a proposta de jogo da equipa de Domingos Paciência permitia acreditar que, desta vez, o guião perdia para um final feliz.

Com Filipe Chaby a assumir o papel de pensador do jogo dos azuis e a transportar consigo imprevisibilidade, Diogo Viana bem envolvido e a capacidade de luta de Maurides, o Belenenses conseguiu tirar o Marítimo da sua zona de conforto e foi necessária a preciosa ajuda de Charles para que o conjunto insular não fosse para o intervalo em desvantagem.

O resultado da acutilância do Belenenses surgiu curiosamente num dos aspetos em que os homens de Daniel Ramos são mais fortes. Na sequência de um livre lateral batido por Chaby, Nuno Tomás encostou ao segundo poste para o 1-0 praticamente a abrir o segundo tempo.

Em desvantagem, o Marítimo via-se obrigado a ter mais bola, coisa que lhe faltara até àquele momento. Daniel Ramos reforçou o ataque: primeiro lançou o extremo Piqueti para o lugar do lateral Bebeto; seguiu-se o avançado Everton por Ricardo Valente.

Mais agressivo, mas também exposto em doses idênticas, ficava assim o Marítimo para o assalto final nos últimos 20 minutos.

Seguro defensivamente, o Belenenses aguentou o ímpeto dos verde-rubros, que só espreitaram o empate numa incursão de Piqueti, que apareceu na cara de Muriel. Curto. Foi a melhor oportunidade da equipa de Daniel Ramos, que terminou o jogo exposta ao contra-ataque e poderia ter regressado ao Funchal com uma derrota mais pesada.

Boa resposta do Belenenses após a desconfiança gerada por um arranque de época pálido num jogo com um upgrade notório. Assim como parece claro que este Marítimo, ainda que os princípios do seu treinador estejam presentes, está longe dos índices qualitativos da época passada. Pelo menos para já.