O encontro entre Boavista e Rio Ave representou um confronto de estilos.

Foi uma luta do cérebro contra a força e o resultado final espelhou qual das duas forças merece prevalecer nos relvados portugueses. E quiçá, por esse mundo fora.

Johan Cruyff dizia que o mais importante no futebol era jogar com o cérebro. E o Rio Ave, tal como fez no jogo anterior frente ao Belenenses, fê-lo desde o primeiro minuto. Foi inteligente, pragmático e mortífero quando o jogo assim o pediu.

Terminou o jogo em sofrimento, mais por culpa própria do que por mérito do adversário que usou e abusou do pontapé para a frente.

FILME E FICHA DE JOGO

O Rio Ave demorou a impingir o primeiro castigo severo no adversário. Aliás, esse castigo chegou de forma algo contranatura tendo em conta os princípios pelos quais os vila-condenses regem o seu jogo. Bola parada de Rúben Ribeiro e Guedes na finalização.

O conforto do resultado fez emergir o talento de Geraldes e de Rúben Ribeiro. Os vila-condenses fizeram girar a bola, com qualidade na procura constante do melhor caminho para vergar o adversário, socorreram-se da estética e da beleza de processos.

Ainda no primeiro tempo, a passe - soberbo - de Geraldes, Barreto teve a oportunidade de arrumar com o jogo por completo. Não o fez e, porventura, esse lance traduziu um virar do rumo do jogo.

Tudo isto perante onze jogadores do Boavista que se limitaram a correr atrás da bola. Incompreensível, diga-se.

Contudo, o intervalo beneficiou de sobremaneira a formação de Miguel Leal. Fiel ao registo de bola longa para os homens da frente, impulsionada por um público ferrenho e que vibra com cada lance, aproximou-se da baliza de Cássio.

De tal forma fiel à sua ideia, acaba por chegar ao empate. A persistência de Mesquita, aliada à inteligência e frieza de Rochinha, atiraram o Boavista para uma igualdade difícil de prever. E injusta, saliente-se.

A formação de Miguel Cardoso sentiu o golo e viu o Boavista agigantar-se, ainda que sem efeitos práticos. Astuto, o técnico riovista chamou ao jogo Pedro Moreira para o lugar de Francisco Geraldes. E aposta demorou dois minutos a surtir efeito.

Jogada de ataque rápido, a desafiar as leis da estética, com Yuri Ribeiro a servir o antigo médio do FC Porto para aquele que, aparentemente, era o golo do triunfo. Minuto 88 e o Boavista de joelhos perante tamanha qualidade evidenciada pela formação forasteira.

Por culpa própria, o Rio Ave acabou o jogo praticamente com a corda no pescoço. Valeu Cássio, em noite de aniversário, a defender uma grande penalidade no último minuto do jogo e a garantir nova vitoria para a formação de Vila do Conde.

A sorte protegeu a equipa mais audaz e sobretudo, a equipa mais inteligente.

Segundo triunfo consecutivo para um Rio Ave que volta a deixar promessas de muito e bom futebol, com Rúben Ribeiro e Francisco Geraldes em plano de evidência. Do outro lado, há um Boavista com muita vontade, de correrias loucas, desmedidas e inconsequentes, com intérpretes para jogar muito mais. Aliás, de outra maneira não poderá ser, se quiser somar os primeiros pontos na Liga.