Tome-se a liberdade como vitória. Um dia, na autobiografia “O longo caminho para a liberdade”, o sócio 31 118 do Sporting, Nelson Mandela, escreveu que «depois de escalar uma grande montanha», descobrem-se «muitas outras para escalar». O triunfo dos leões, em Moreira de Cónegos, ilustra esse caminho. Por vezes sinuoso, difícil, com obstáculos e superação. E final feliz para os leões, pelo menos no arranque da Liga.

Depois do final atribulado da época passada, o Sporting teve de escalar uma espécie de contrarrelógio para edificar uma equipa. Uma ideia de jogo. Uma nova equipa técnica. Recuperar jogadores.

E foram dois dos que os leões resgataram após as rescisões a materializar o problema que Heriberto criou aos seis minutos, com a vantagem do Moreirense. Bruno Fernandes deixou que a vantagem cónega durasse dez minutos. Depois, Bas Dost bisou e deu a sentença num jogo de emoção e corações aflitos até final.

Tudo isso resultou num arranque vitorioso da equipa de Peseiro, que faz melhor que o 1-1 no Comendador Joaquim de Almeida Freitas, na época passada.

Não começaram bem no marcador os desígnios de um Sporting que, a entrar ao ataque, provou da eficácia contrária. Um cruzamento a meia altura de João Aurélio atravessou a defensiva contrária e o avançado cedido pelo Benfica, Heriberto, atirou de primeira a contar. Bateu Salin, solução de última hora após Viviano ter saído fora do onze, dando vantagem aos minhotos.

Era mais uma escalada para o leão, cuja reação foi ativa e dez minutos bastaram para galgar o cume de mais uma montanha. Obra iniciada num passe milimétrico de Coates a servir o cruzamento rasteiro de Ristovski para a área. Ali apareceu Bruno Fernandes a receber, rodar e rematar cruzado para o empate (16m).

FICHA E FILME DO JOGO

O primeiro dos problemas de Peseiro e dos seus estava resolvido, mas longe de estar livre de sustos. O Moreirense, com mérito, entregou-se de corpo e alma a um jogo que teve sucessiva parada e resposta das duas partes. Antes do intervalo, Bruno Fernandes testou Jhonatan de livre, Bas Dost quase beneficiou de uma bola pelo ar para marcar – e até se gritou golo – e, do outro lado, só uma saída eficaz de Salin evitou que Chiquinho recolocasse os cónegos na frente.

A segunda parte e a incerteza no marcador aumentaram a expetativa, acentuada pela enorme entrega de Moreirense e Sporting ao jogo.

Não foi, por isso, de estranhar a criação de jogo e oportunidades. Bruno Fernandes teve-a no pé direito e Battaglia na cabeça, mas havia Jhonatan a opor-se. Na resposta, um lance de Bilel assustou Salin, que precisou de cuidados a um remate forte de Loum, a um cruzamento perigoso de Heriberto, voando para a defesa da tarde a remate de Bilel.

Moreirense-Sporting, 1-3 (destaques)

Com pouco mais de 20 minutos para subir o longo caminho da vitória, Peseiro apostou em Jovane e Raphinha. Tirou Acuña e Nani e teve aposta ganha. Jovane, numa iniciativa individual, entrou na área e o toque de Heriberto resultou num penálti assinalado que Bas Dost não falhou: minuto 73, reviravolta e explosão do leão em Moreira.

O Sporting abria os membros aos três pontos e, por fim, deu um abraço final à vitória. O resultado já a ilustrava e Bas Dost, isolado por Bruno Fernandes, pousou o chapéu no topo deste longo caminho, ao picar a bola por Jhonatan já em compensação.