Um jogo decidido nos últimos instantes permitiu ao Rio Ave subir ao sexto lugar, após vitória sobre o Arouca. A entrada de Kizito revolucionou a partida, com o ganês a estar nos dois golos com que os vilacondenses venceram num campo onde nunca o tinham conseguido.

O Arouca pode queixar-se da sorte, mas deve, sobretudo, perceber que foram erros próprios a estar na base desta derrota. Artur foi imprudente e acabou expulso, obrigando a sua equipa a enfrentar os últimos 15 minutos em inferioridade. E depois disso, o golo que desbloqueia o resultado é um auto-golo, no mínimo caricato, de Nelsinho, no último minuto.

Já nos descontos, Ronan ainda aumentou a vantagem, num momento em que o Arouca tentava tudo para chegar ao empate. Não chegou, e volta às derrotas. Já Luís Castro segue com um percurso limpo: três jogos, outras tantas vitórias. E o Rio Ave já corre para a Europa.

Era uma vez... intervalo

Depois de duas vitórias, Lito Vidigal repetiu a equipa titular pela terceira vez, transpondo para o relvado a velha máxima de que em «equipa que ganha, não se mexe». Do lado oposto, em situação semelhante, Luís Castro viu-se obrigado a trocar o indisponível Yazalde por Guedes, fez regressar Heldon ao lado esquerdo do ataque após lesão e não abdicou de Rúben Ribeiro, que voltou ao onze após castigo, apesar da boa imagem deixada por Krovinovic no triunfo sobre o Tondela.

A partida iniciou-se com um largo período de estudo mútuo, com ambas as equipas a trocarem muito a bola, ainda que sem grande progressão para junto das áreas. Ainda assim, foi o Rio Ave que tentou mais vezes o remate, ainda que sem incomodar Bracali.

E foi preciso esperar quase trinta minutos para se assistir a um momento de algum perigo. Numa subida à área contrária, Jubal surgiu em excelente posição para inaugurar o marcador, mas falhou o remate em zona frontal, fazendo os vilacondenses respirar de alívio.

Depois disso, Jorginho ainda testou Cássio, com um remate cruzado da direita que o guardião do Rio Ave afastou para canto, e Gil Dias foi tentando explorar o flanco direito, ainda que sem grande sucesso. E o intervalo chegaria sem mais assunto, não fosse a forma perigosa como Filipe Augusto bateu dois cantos, colocando grandes dificuldades a Bracali, a quem, num dos lances, valeu a atenção de André Santos a tirar sobre a linha de golo.

Ainda assim, os primeiros 45 minutos foram frios e sem história. Esperava-se muito mais da segunda parte.

Olha o futebol!

Não era nada difícil, mas a etapa complementar surgiu com mais vontade de parte a parte. Sobretudo o Arouca, que pegou na iniciativa de jogo e foi para cima do adversário, com Jorginho em destaque, como quando fez tudo bem na direita, cruzou atrasado para Adilson que parecia tanto ter caminho aberto para a baliza que... fez um passe para os placards de publicidade.

O lance fez despertar os ânimos e passou a haver jogo mais próximo das duas balizas. Nuno Coelho, pelo Arouca, e Krovinovic para o lado do Rio Ave, estiveram perto de marcar mas, se o capitão arouquense cabeceou um pouco ao lado da baliza de Cássio, do outro lado, o jovem croata viu Bracali aparecer no caminho do remate que levava a direção da baliza.

Erros meus... má fortuna

O jogo estava mais vivo e, por isso, propício a alguns despiques mais acesos. E, num lance em que Artur foi progredindo em esforço, aguentando algumas cargas, a forma imprudente como tentou ganhar mais um duelo, no chão com Roderick, fez com que o árbitro da partida lhe mostrasse o cartão vermelho direto. O camisola 7 arouquense entrou de sola, acertou na perna do adversário, e foi punido por isso.

Na resposta, Luís Castro mexeu bem na equipa. Krovinovic agitou o jogo, mas seria a última substituição que mudaria a face de uma partida que parecia caminhar para um nulo.

O ugandês Kizito entrou com vontade de decidir. No primeiro lance em que interveio, arrancou pela esquerda, cruzou ao segundo poste e viu Nelsinho assinar a sentença de morte à esperança do Arouca em conquistar pontos. Num lance que o próprio jogador ainda deve estar a tentar perceber o que aconteceu, na tentativa de aliviar, o defesa esquerdo arouquense fez uma rosca e a bola saiu... para trás, rumo à baliza.

Estava-se no minuto 89 e a má fortuna de Nelsinho decidia o vencedor do jogo. No período de descontos, com o Arouca balanceado para o ataque, um novo cruzamento de Kizito chegou à cabeça de Ronan, que marcou o segundo golo e acabou com qualquer dúvida que pudesse persistir.