Num encontro entre duas velhas raposas no Estádio da Luz, Jorge Jesus levou a melhor sobre Jesualdo Ferreira, num jogo de sentido único, com a equipa do Bessa a ficar muito cedo condicionada com a expulsão de Chidozie. O Benfica dominou o jogo em toda a linha, obrigou o adversário a alargar o jogo e deixou espaço para Seferovic voltar a bisar pela segunda ronda consecutiva, com duas assistências de Diogo Gonçalves, entre muitas oportunidades desperdiçadas.

Um adversário de má memória para o Benfica, uma vez que foi o Boavista que impôs o primeiro desaire à equipa de Jorge Jesus na Liga, com uma vitória por 3-0, no Bessa, na primeira volta. Elis marcou um dos golos dos «axadrezados» nesse primeiro jogo e foi o primeiro protagonista desta noite, surgindo destacado, numa transição rápida, para rematar colocado por cima da trave.

O jogo mudaria radicalmente logo a seguir, num lance de ataque do Benfica. Pedrinho assistiu Waldschmidt na área e o alemão, com uma receção espetacular, rodopiou para a baliza e foi claramente empurrado por Chidozie. Manuel Mota apontou de imediato para a marca de grande penalidade e mostrou amarelo ao central, mas, depois de alertado pelo VAR, reviu as imagens e mudou o veredicto, uma vez que a falta terá sido fora da área. Assim, a cor do cartão de Chidozie mudou para vermelho e o penálti passou para um livre que Diogo Gonçalves disparou contra a barreira.

Jesualdo Ferreira procurou reequilibrar a equipa com os jogadores que tinha em campo, recuando Javi Garcia para o eixo da defesa e pedindo a Angel Gomes que ajudasse a estancar o flanco esquerdo, onde o Benfica procurava explorar as costas de Ricardo Mangas. O Benfica procurou alargar o jogo, com Diogo Gonçalves e Rafa sobre a direita, Grimaldo e Pedrinho do lado contrário a puxarem o jogo para as alas e a obrigarem o Boavista a abrir espaços na zona central onde procuravam entrar Seferovic e Waldschmidt, mas também, sobretudo nas bolas paradas, Otamendi e Lucas Veríssimo.

O Boavista procurava ainda adaptar-se ao novo figurino, mas sem tempo para respirar, com o Benfica a carregar constantemente pelos flancos, com Rafa, de um lado, e Grimaldo, do outro, a arrancarem muitos cruzamentos para a área. As oportunidades foram-se sucedendo, com destaque para três cabeçadas de Seferovic e outras de Lucas Veríssimo e Otamendi. Pelo meio, Taarabt chegou a colocar a bola na baliza de Léo Jardim, mas Manuel Mota já tinha assinalado uma falta do marroquino.

O avançado suíço chegou a desesperar, face às oportunidades desperdiçadas, mas Diogo Gonçalves aliviou o suíço, já perto do intervalo, com uma arrancada fenomenal sobre a direita, a deixar Ricardo Mangas preso ao relvado, para depois cruzar rasteiro. Desta vez, o suíço, só teve de encostar com o pé, mas acabou por descarregar toda a raiva acumulada, rematando mais duas vezes contra as redes de Léo Jardim na comemoração do golo. Um golo que refletia a total superioridade do Benfica na primeira parte diante de um Boavista que se limitava a defender.

A segunda parte começou nos mesmos moldes, com o Benfica a empurrar o Boavista para a sua área e a impor-se sobre as alas, ora sobre a direita, com Waldschmidt a juntar-se a Rafa e Diogo Gonçalves, ora sobre a esquerda, com Grimaldo e Pedrinho a abrirem caminho com rápidas combinações. A mesma receita, o mesmo resultado, com os mesmos protagonistas. Diogo Gonçalves voltou a cruzar da direita e o Seferovic voltou a encostar, desta vez de cabeça. Desta vez o suíço já sorrio na festa do golo.

Jesualdo Ferreira não esperou mais e procurou novo equilíbrio na sua equipa, recompondo o eixo defensivo com Jackson Porozo e o meio-campo com Show. Jorge Jesus também refrescou o meio-campo e o ataque, retirando os «amarelados» Weigl e Taarabt para lançar Pizzi e Gabriel, além de trocar Waldschmidt por Darwin na frente. Muitas alterações, mas em campo pouco mudou. O Benfica, agora com um ritmo mais lento, com menos pressão, continuou a controlar o jogo em toda a linha, continuando a explorar as alas e a obrigar o Boavista a esticar-se em campo para fechar todas as brechas.

Seferovic acabaria por comemorar um hat-trick, numa recarga a um primeiro remate de Lucas Veríssimo que tinha sido devolvido pelo poste, mas desta vez não valeu, uma vez que o suíço estava adiantado por sete centímetros.

A verdade é que o Boavista nunca incomodou a baliza de Helton Leite e o Benfica controlou o jogo até final junto à baliza de Léo Jardim que ainda teve de se aplicar para anular remates de Chiquinho e Darwin.

O Benfica soma, assim, a quarta vitória consecutiva, incluindo a meia-final da Taça, e corta a distância para os três adversários da frente que ainda não entraram em campo nesta ronda.