Atento, sério e seguro. O Benfica que está a uma vitória de ser campeão não entra em euforias. Nem um estádio cheio e ansioso de festejos foi suficiente para mudar a estratégia de tentar ganhar sem grandes correrias, sem massacre e, sobretudo, sem gastar as fichas todas num título que parece estar tão perto.

Na quarta-feira há meia-final da Taça de Portugal, e logo contra o FC Porto e em desvantagem, pelo que o sinal de poupança veio do treinador: sem Luisão e sem Fejsa, Jorge Jesus deixou Jardel e André Almeida mostrarem que podem mudar as peças, mas o tabuleiro é o mesmo.

Do outro lado, um Arouca que se mostrou digno de não entrar na festa (não a do campeonato, porque essa já se sabia que não era possível desde a vitória do Sporting, mas a de milhares de «visitantes»), mas que não foi capaz de a evitar por muito tempo.

Calma, que o golo vem aí

Enganou-se quem esperava uma entrada para resolver a partida rapidamente. O Benfica começou com calma, com paciência, trocando a bola com segurança, sem correr riscos. O Arouca, note-se, também não mostrou medo. Sem autocarro à frente da baliza, cometeu poucos erros, contribuindo para uns primeiros 30 minutos sem grandes emoções.

Houve sim bolas paradas, remates de longe, algumas investidas de Maxi Pereira no ataque que deram nas vistas e pouco mais. Até que, aos 34 minutos, uma desatenção de Bruno Amaro após um lançamento característico de Maxi Pereira deixou Lima sozinho, mas o avançado brasileiro acertou em cheio em Cássio e Rodrigo, na recarga, atirou ao lado. Era o primeiro sinal de verdadeiro perigo. Só que o Arouca não tremeu e, quatro minutos depois, teve de ser Maxi Pereira a salvar na linha um «chapéu» de Bruno Amaro a um Oblak mal colocado. A equipa «da casa» também queria participar.

O golo chegou apenas no último lance da primeira parte, quando um cruzamento de Lima, facilitado por uma saída em falso de Cássio e um corte desastrado de Ivan Balliu, acabou nos pés mais atentos de Rodrigo. Com dedicatória para o lesionado Sílvio, a vantagem abriu os sorrisos encarnados.

Matar o jogo e pensar na Taça

A partir daqui, surgiu mais vezes o Benfica de ataque e, com o golo de Gaitán logo aos 55 minutos, a ameaça de uma segunda parte mais emotiva. As bancadas deixaram de conter-se e, por vezes, os jogadores também. O jogo acelerou, as equipas ficaram mais trapalhonas e o Arouca não conseguiu manter-se tão equilibrado.

Mas Jorge Jesus já pensava mais além. Chamou Salvio para entrar e preparar o descanso de Rodrigo, só que a lesão de Oblak obrigou-o a esperar mais uns minutos para trocar de guarda-redes primeiro. Curioso que, à ovação para o esloveno, se tenham seguido alguns assobios na entrada de Artur.

Minutos depois também Markovic foi descansar, para Cardozo ouvir aquela que foi, provavelmente, a maior salva de palmas da tarde. Houve mais oportunidades, sobretudo para as águias, mas Cássio não deixou o resultado avolumar-se. Nunca desistiu, aliás, a equipa de Pedro Emanuel, só que não conseguiu mesmo mais do que isso.

Acabaram-se os traumas, acabaram-se os fantasmas. O Benfica 2013/2014 não alinha em festejos antecipados. Mas já sorri.