Foi um Benfica com apenas treze dias de trabalho, a procurar esticar as asas, ainda sem muitas penas (faltam dez jogadores), que se estreou esta quinta-feira na pré-época de 2017/18, com uma vitória sobre o modesto Neuchâtel Xamax (2-0), na disputa do troféu Uhrencup. André Almeida e, sobretudo, Diogo Gonçalves estiveram em destaque na primeira parte, sobre a ala direita, enquanto Seferovic, com um golo, mostrou que pode vir a constituir dupla com Jonas no ataque. Mas ainda é muito cedo para fazer uma avaliação profunda deste novo Benfica, com Pedro Pereira, Chrien, Willock e Arango com estreias muito discretas num jogo que foi perdendo gás ao ritmo das muitas substituições (dez no Benfica).

Filme do jogo

Mas vamos por partes na análise a este jogo, típico de pré-época, com uns bons vinte minutos antes de uma quebra acentuada, a notar-se, sobretudo, na segunda parte, com as muitas alterações promovidas pelos dois treinadores: Rui Vitória mudou quase tudo com dez substituições e Hermes, ainda sem Grimaldo e Eliseu disponíveis, foi o único a completar os noventa minutos deste primeiro teste.

O treinador do «tetra» montou um onze em 4x4x2 com sete jogadores que transitaram da época passada, aos quais juntou dois promovidos da equipa B (Rúben Dias e Diogo Gonçalves) e dois reforços, com Chrien a jogar no meio-campo ao lado de Felipe Augusto e Seferovic e juntar-se a Jonas na frente de ataque. Um Benfica que procurou, desde o primeiro apito, transições rápidas, sobretudo pela ala direita, com André Almeida e Diogo Gonçalves a darem vida ao corredor, num forte contraste com o lado contrário, onde Hermes e Cervi tiveram de procurar zonas mais interiores, atraídos pela forte dinâmica imposta pelo lado contrário.

Mas foi no meio-campo que os encarnados sentiram mais dificuldades para impor o seu jogo, com Felipe Augusto, no papel de Fejsa, e Chrien, ainda à procura do seu espaço, a perderem muitas bolas nessa zona. Mas a verdade é que o Benfica colocou-se em vantagem cedo, logo aos 5 minutos, com Diogo Gonçalves, com um grande passe a destacar Jonas que acabou por ser derrubado na área pelo guarda-redes contrário. Na conversão do castigo máximo, o próprio brasileiro, com um pontapé colocado, abriu o marcador.

Diogo Gonçalves entrou muito bem no jogo e, logo a seguir, acertou no ferro, num cruzamento/remate da direita. O jovem extremo do Benfica estava inspirado, aparecendo em várias zonas do terreno e voltou a ter a baliza à sua mercê, depois de fazer um «túnel» a um adversário à entrada da área. Mas a verdade é que o Benfica não estava propriamente bem, permitia que o modesto adversário, do segundo escalão do futebol suíço, ainda que numa fase mais adiantada da preparação (isso notou-se em ermos de disponibilidade física), fosse respondendo com vários contra-ataques, obrigando Júlio César a concentração máxima entre os postes, com destaque para duas saídas do brasileiro aos pés dos adversários.

O Benfica acabou por chegar ao segundo golo, aos 20 minutos, num grande passe de Jonas a destacar Seferovic, com o suíço a descair para a esquerda, antes de bater o guarda-redes suíço com um bom remate cruzado. Uma boa combinação entre a dupla da frente que, até ao intervalo, podia ter conseguido mais um golo. Mas foi depois deste segundo golo que marcou o início da quebra do Benfica. Até ao intervalo, destaque apenas para mais um remate de Diogo Gonçalves, sem dúvida a grande figura desta primeira parte.

Segunda parte em quebra

A segunda parte foi bem menos interessante. Rui Vitória promoveu desde logo cinco alterações e outras cinco no decorrer do jogo, sem nunca desmontar o 4x4x2 inicial. O Benfica melhorou no meio-campo com Fejsa e André Horta, mas perdeu gás na ala direita, agora com Pedro Pereira e Rafa, sem conseguir melhorar na esquerda, com um desgastado Hermes e, mais tarde, Willlock.

Uma segunda parte com constantes interrupções, com o ritmo a cair a olhos vistos, com o Benfica sempre com o jogo controlado, mas com pouca profundidade e poucas oportunidades de golo. Ainda assim, destaque para um bom lance individual de Rafa que levou tudo à frente e procurou assistir Arango já perto do final do jogo.

Um jogo típico de arranque de pré-temporada, mas que deixa a equipa de Rui Vitória em boa posição para vencer este troféu. Para isso, será preciso vencer, no próximo sábado, o Young Boys, um desafio mais exigente diante de uma equipa do primeiro escalão do futebol suíço que se prepara para jogar na pré-eliminatória da Champions.

FICHA DO JOGO

Estádio Brühl, em Grechen

BENFICA: Júlio César (Paulo Lopes, 46m); André Almeida (Pedro Pereira, 46m), Jardel (Kalaica, 79m), Ruben Dias (Lisandro, 46m), Hermes, Chrien (André Horta, 63m), F. Augusto (Fejsa, 46m), Diogo Gonçalves (Willock, 63m), Cervi (Rafa, 46m), Jonas (Arango, 63m) e Seferovic (Carrillo, 70m).

Não jogaram: Varela, Ferro, Pêpê e Heriberto.

Treinador: Rui Vitória.

NEUCHÂTEL XAMAX: Laurent Walthert; Mike Gomes, Mustafa Sejmenovic, Xhemajli Arbenit e Emmanuel Mast; Di Nardo e Thibault Corbaz; Raphael Nuzzolo, Charles-André Doudin e Samir Ramizi; Gaetan Karlem.

Jogaram ainda: Kamber, Farine, Max Veloso, Steve Lawson, Tréand, Alic Safet, Liridon Mulaj, Pedro Teixeira, Kilezi, Djuric e Nimani.

Treinador: Michel Decastel.

Ao intervalo: 0-2.

Marcadores: Jonas (6m, gp) e Seferovic (20m).

Disciplina: cartão amarelo a Felipe Augusto (15m).

Resultado final: 0-2.