O Benfica arranca com uma vitória suada, conseguida perante um Tondela que nunca baixou os braços e que complicou bastante o trabalho do campeão nacional. A vitória encarnada é justa, mas talvez a equipa de Petit não merecesse tamanho castigo (0-2).

Uma bola parada e um lance de génio de André Horta deram forma a uma vitória que só mesmo no final foi confirmada, o que mostra bem o que foi um jogo muito interessante de seguir.

Na ausência de Jonas, Gonçalo Guedes surgiu no apoio a um desinspirado Mitroglou e mostrou que pode ser solução, ainda que não seja... Jonas.

Do outro lado, num plantel que sofreu uma autêntica revolução, era obrigatório que fossem muitas as mudanças efetuadas por Petit, relativamente à equipa-tipo que alinhava na época passada. E foram cinco os reforços com que o técnico tondelense apresentou no primeiro onze: David Bruno, Rafael Amorim, Candé, Fernando Ferreira e Crislan.

Mas a principal surpresa que Petit foi uma mudança de esquema tático, apresentando-se em 4-4-2, distinto do 4-3-3 com que jogou na maior parte da época passada. Com Hélder Tavares e Miguel Cardoso a fecharem os flancos num meio-campo onde Fernando Ferreira e Bruno Monteiro davam músculo, ao meio, os tondelenses limitavam as subidas dos laterais contrários, que tanta influência têm nas movimentações ofensivas da equipa de Rui Vitória.

De olhos nos olhos, avisara Petit

Os primeiros minutos de jogo foram absolutamente frenéticox, com duas oportunidades claras de golo para cada lado, em apenas quatro minutos de jogo. E logo aí, o Tondela mostrava que não se deixava atemorizar por ter do outro lado o tricampeão nacional.

Os jogadores de Petit eram a imagem do que foi o seu treinador enquanto jogador, disputando cada lance com grande intensidade. E foi assim que os tondelenses foram ganhando muitos lances divididos que, depois, possibilitavam saídas rápidas a explorar as costas da defensiva encarnada.

E foi dessa forma que os auriverdes voltaram a estar perto do golo, aos 27 minutos. Miguel Cardoso roubou uma bola a um adversário, ganhou metros em velocidade e cruzou para a entrada de Crislan, que, isolado perante Júlio César, deixo-se antecipar por Grimaldo, que o impediu de dar o toque final.

Depois desse lance, o jogo viveu um período de maior acalmia, onde o maior destaque foi a saída de Luisão, lesionado, entrando para o seu lugar o argentino Lisandro López. A mexida no centro da defesa, que podia ter desconcentrado a equipa, teve, porém o efeito contrário, e o Tondela não voltou a conseguir ganhar as costas da defensiva encarnada.

Além de uma maior consistência defensiva, seria mesmo o camisola 2 a desbloquear a partida, marcando o primeiro golo do Benfica nesta temporada, cabeceando certeiro uma bola que lhe foi endereçada por Pizzi, na cobrança de um livre descaído para a direita do ataque encarnado.

Ainda com cinco minutos para se jogar no primeiro tempo, o intervalo chegaria com a vantagem do Benfica, que só através de uma bola parada conseguiu desmontar a bem organizada estrutura defensiva dos beirões.

Incerteza perdura pela crença auriverde

A segunda parte voltou a trazer um Tondela atrevido, a mostrar, desde cedo, que o Benfica teria de suar para conquistar os primeiros três pontos do campeonato. Só que com o passar do tempo, a maior experiência do Benfica ia-lhe permitindo gerir a partida de forma eficaz, aproveitando também o desgaste do oponente, fruto da intensidade com que o jogo foi sempre disputado.

Com provas dadas de que nunca desiste, o Tondela foi-se mantendo no jogo, aproveitando os rasgos individuais de Miguel Cardoso e de Wagner, que contribuíram para que a incerteza no resultado se mantivesse até ao final.

Mais expostos para procurar o empate, os tondelenses abriam espaços na retaguarda, ainda que, poucas vezes, os encarnados tenham incomodado verdadeiramente Cláudio Ramos. A exceção seria o único lance em que se viu Mitroglou perto do golo, aos 80 minutos, quando o grego respondeu bem a um cruzamento de Gonçalo Guedes, mas viu o seu remate a ser desviado por um defensor contrário.

O jogo seguia incerto para o final quando, já em período de descontos, um último raide encarnado, conduzido por André Horta, terminou com a onda vermelha em ebulição, com um momento brilhante de André Horta. O novo «menino bonito» dos adeptos, arrancou decidido, tirou vários adversários do caminho e só parou quando beijou o símbolo que, mais do que na camisola, lhe está no peito. A forma como festejou o golo mostra o sentimento com que o número 8 sente a camisola. Mas mostra também o quão difícil foi este triunfo, com muito mérito da equipa do Tondela.