Já tinham passado 18 anos desde a última visita do Sporting a Chaves, mas há coisas que nem o tempo apaga. As tradicionais dificuldades dos leões em Trás-os-Montes voltaram a ser sentidas, agora pela equipa de Jorge Jesus, que ainda recuperou de uma desvantagem mas viu Fábio Martins marcar um ‘golo de bandeira’ e empatar o encontro.

Nem o bis de Bas Dost salvou o Sporting de perder pontos na última partida da primeira volta da Liga. O jogo começou praticamente com o golo de Rafa para o Chaves, e o Sporting levaria quase 75 minutos para inverter o resultado. Aos 87, Fábio Martins inventou um golaço para estabelecer o resultado final.

O Sporting apresentou-se em Trás-os-Montes para o primeiro de dois jogos apenas com uma mexida face à vitória em casa com o Feirense. Rui Patrício, recuperado de lesão, regressou à titularidade, enquanto Adrien, que após o susto na última partida manteve a titularidade.

Na equipa da casa, o atrevimento de Ricardo Soares era notório. Pela primeira vez com dois pontas-de-lança de início, Ricardo Soares lançou Rafa e William, com Braga a recuar para o lugar mais defensivo do meio campo ao lado do Assis.

Como a sorte protege os audazes, então os transmontanos aproveitaram para começar em grande estilo. Pressionantes, lutadores e sem medo de ter a bola, o golo foi uma questão de tempo. Perdigão entrou ligado à corrente e à segunda tentativa, aos quatro minutos, ofereceu o golo a Rafa, que de cabeça bateu Patrício e levou à festa os adeptos, a segunda melhor casa flaviense da temporada, a seguir à receção ao Benfica.

De orgulho ferido, os leões foram de imediato à procura da reação. Aos sete minutos, podiam ter empatado, com Bas Dost a desmarca-se bem na área após cruzamento de William Carvalho, mas o holandês atirou por cima.

Começando desde cedo a dar que fazer à defensiva flaviense, Bas Dost viria pouco depois a criar outra situação de perigo, aos 15 minutos, quando serviu Adrien à entrada da área mas este a rematar fraco e ao lado.

Aos poucos a formação de Lisboa ganhou o ascendente natural e expetável no encontro, procurando construir jogo pelas alas, mas quer Gelson, quer Campbell, demoraram a criar perigo.

Do outro lado, os transmontanos mantinham-se agressivos na procura da bola, mas com ela nos pés procuravam congelar o jogo, mas nem sempre. Quando surgia a oportunidade, o golo continuava na mira do Chaves. Aos 30 minutos a segunda melhor ocasião do encontro foi mesmo dos flavienses, com Fábio Martins a ganhar em velocidade sobre Ricardo Esgaio e a invadir a área contrária. Com Rui Patrício pela frente o extremo disparou ao lado.

A passividade dos leões, apesar do domínio, e o atrevimento da equipa da casa, mostrava que a formação de Jesus tinha uma tarefa árdua pela frente para dar a volta ao desafio. Aos 33 minutos, William arrancou mesmo o amarelo a Semedo, mas na sequência do livre foi Fábio Martins, que fica de fora do próximo desafio da Liga, em casa com o Nacional, a travar o contra-ataque e a ver o amarelo.

Quando o intervalo estava a segundos de distância, foi a vez dos papéis de inverterem, com os leões a serem lestos e o Chaves mais passivo. Pela direita Gelson inventou espaço, viu a desmarcação de Bas Dost e cruzou para as costas dos centrais, onde estava o holandês para cabecear para o fundo das redes.

Desp. Chaves-Sporting, 2-2 (destaques): inspiração de Fábio Martins gelou leões em Chaves

Apesar do golo, Jorge Jesus não estava satisfeito com a prestação da sua equipa e fez uma dupla alteração na equipa, com André e Bryan Ruiz a entrarem para o lugar de Alan Ruiz e Campbell.

As mexidas não tiveram um efeito prático imediato, com a partida a manter-se com a mesma toada, onde os sportinguistas dominavam mas sem grande velocidade no encontro.

Com paciência, o Sporting lá conseguia criar perigo. Após longa jogada pela esquerda, Adrien deu dinâmica ao ataque ao combinar com William Carvalho, este a cruzar, André a servir Adrien que já à entrada da área obrigou Ricardo a defesa apertada.

Era sinal da qualidade de jogo dos leões a começar a impor-se. No lado dos flavienses, Ricardo Soares aproveitava a lesão e cansaço de William para lançar o médio ofensivo Davidson, na segunda aparição da equipa do reforço de inverno ex-Covilhã que viria a mexer com o jogo.

Entretanto, eram os visitantes que estavam por cima. Novamente pela esquerda, aos 66, Bruno César combinou bem com Bryan Ruiz e o costa-riquenho serviu André, mas o atacante brasileiro falhou o remate já na área.

Parecia que o golo do Sporting era uma questão de tempo, mas Davidson tratou de agitar com a partida e dificultar a tarefa dos leões. Iniciando um contra-ataque promissor, que entretanto Rafael Lopes desperdiçou, o brasileiro foi tocado por Rúben Semedo e o central, mal o lance foi interrompido, viu o segundo amarelo e acabou expulso.

No entanto, foi mesmo com menos um homem que os sportinguistas chegaram à vantagem aos 74 minutos. Bruno César descobriu André nas costas da defesa do Chaves e o brasileiro serviu Bas Dost que voltou a não perdoar. Era a primeira vantagem do Sporting no encontro.

Mas a equipa da casa, com alma transmontana, apenas se dá por vencida após o apito final. Ricardo Soares refrescou a equipa com Patrão e Batatinha, mas foi Fábio Martins a levar ao delírio os quase sete mil adeptos presentes.

Após o 1-2 os flavienses instalaram-se no ataque e foram à procura do empate. Com os papeis invertidos, cabia ao sporting segurar o resultado, mas não foi possível. Aos 87 minutos, a bola para Rafa foi cortada por Coates mas sobrou para Fábio Martins, que sem cerimónias e aproveitando o facto de Rui Patrício estar a meio do caminho, atirou para um golo olímpico.