Não foi estreia de encher o olho, mas foi um bom arranque dos dragões, a tirar dúvidas quanto ao potencial deste FC Porto, versão Lopetegui, com quase tudo novo e já muitos aspetos positivos a destacar (e alguns defeitos a corrigir).

O FC Porto venceu no jogo inaugural da Liga 14/15, em noite inesquecível para Rúben Neves. O «miúdo» entrou duplamente para a história: passou a ser o mais jovem de sempre a vestir a camisola portista como titular, em jogos do campeonato; e foi o autor do primeiro golo desta edição da Liga.

Até ao último lance do encontro, era diferença curta, tangencial mesmo, mas só no marcador.

Em jogo jogado, o FC Porto foi obviamente superior ao Marítimo, embora os insulares tenham chegado a sonhar com o 1-1, em fase da primeira parte em que, por algumas deficiências que a engrenagem portista ainda acusa, houve três saídas rápidas dos homens de Leonel Pontes, que só não foram concretizadas por mera falta de capacidade finalizadora.

Os primeiros 20/25 minutos do FC Porto foram francamente bons. Muita vontade de mostrar serviço, boa circulação, ideias novas para construir.

E rapidamente se destacaram alguns sinais de total novidade em relação aos maus hábitos da época passada: Óliver Torres a assumir-se como um dos criadores de referência (quase todo o jogo ofensivo passava pelo jovem espanhol cedido pelo At. Madrid); Rúben Neves em estado de graça, a colorir a estreia e o recorde precoce com o golo de arranque do campeonato; Brahimi a derramar qualidade e influência.

O FC Porto prometia oferecer aos adeptos um início de Liga com vitória fácil e folgada. Mas, com o passar do tempo, percebeu-se que não ia ser bem assim.

O Marítimo foi perdendo a vergonha, recompôs-se defensivamente, começou a ousar o contra-ataque. O 1-0 não garantia triunfo antecipado aos dragões.

O segundo não chegava e o FC Porto, depois vontade inicial, começou a colocar o foco no pragmatismo. Ganhar o primeiro jogo em casa era crucial: pelos três pontos, pelo simbolismo da vitória em noite de várias estreias na casa portista.

O «novo ciclo» de Lopetegui não teve só o dia perfeito do miúdo Rúben Neves, nem mesmo os bons desempenhos de Óliver e Brahimi. Ainda deu para pôr a rodar a fartura de soluções do meio-campo para a frente, com a entrada de Casemiro (para a posição «6», libertando Rúben para o lugar que era de Herrera) e, mais tarde, Tello (por troca com Brahimi) e Evandro (para o lugar de Rúben, que teve direito ao maior aplauso da noite).

O Marítimo ainda acreditou até ao fim, Leonel Pontes meteu Maazou, mas, na verdade, as hipóteses de empate dos madeirenses tinham surgido até ao intervalo. 

O FC Porto geriu a segunda parte com muita posse (como Lopetegui gosta), mas pouco poder de fogo. Remeteu o Marítimo para zonas recuadas, teve mais atenção às saídas dos madeirenses. Não só chegou para manter o 1-0, como até deu para aumentar para 2-0 mesmo ao cair do pano. 

Justo, claro.