Ao ultrapassar a barreira difícil de vencer na «caixa de fósforos» de Moreira de Cónegos, o Sporting voltou a iluminar-se como a candeia que vai à frente na Liga. É líder à condição e mantém a pressão alta sobre o Benfica, pelo menos até os encarnados receberem o V. Setúbal na próxima segunda-feira, no jogo que encerra a 30.ª jornada.

Na antevisão da partida, Jorge Jesus deu uma alfinetada ao Benfica – «O Sporting vence com mérito. Os outros, com sorte.»

Foquemo-nos no relvado. E aí, assim que soou o apito inicial, o Sporting apareceu determinado. E ofensivo, também. Teo e Slimani em cunha, lá na frente. Dois laterais (Schelotto e Zeegelaar) que mais pareciam alas; e dois alas (João Mário e Bryan Ruiz), virtuosos, em constante troca de flanco.

Esse dinamismo é mérito – de «JJ», sobretudo. E deu bom resultado a entrada de leão. Aos 16 minutos, Teo picou a bola sobre a defesa do Moreirense, assistindo primorosamente Schelotto, que cruzou para Slimani encostar e abrir o marcador – fazendo o 24.º golo na Liga.

O problema é que o ponta-de-lança argelino estava nitidamente em fora-de-jogo.

FILME DO JOGO

Apesar do mérito desta jogada de envolvimento, decidir o jogo com um lance irregular é, no mínimo, sorte.

Marcando cedo, estaria feito o mais fácil, podia pensar-se. No entanto, o Moreirense não se deixou abater pelo golo e não ficou sob domínio forasteiro. Pelo contrário, a partir desse momento, colocou em sentido a defensiva leonina até muito perto do intervalo (numa altura em que o leões voltaram a introduzir a bola na baliza num lance duvidoso, invalidado por Bruno Paixão).

Fábio Espinho era um perigo nos lances de bola parada. Tanto ao assistir (22’), como ao cobrar direto, num par de ocasiões: aos 27’, a bola saiu a rasar o poste direito da baliza de Rui Patrício.

Era dali que vinha o perigo para a baliza do Sporting. E quando não era assim era numa ou outra desatenção de Rúben Semedo, que facilitou muito diante de Rafael Martins, combativo, mas sem grandes oportunidades claras para fazer valer a sua eficácia.

A resistência minhota fazia-se muito do que Rafael e Fábio eram capazes de fazer. E chegou para manter o Sporting encostado às cordas em algumas ocasiões do jogo.

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Um Sporting que com o decorrer do jogo se foi tornando mais lento e muito faltoso: 16 faltas cometidas e quatro cartões. Um Sporting que foi deixando o adversário equilibrar o jogo: oito remates dos minhotos contra nove (e 43% contra 57% em posse de bola).

O resultado não era tranquilo e a incerteza transformou-se em nervosismo, que foi alastrando para o banco. A ponto de Jorge Jesus ter sido expulso aos 76’ por protestos contra Bruno Paixão, quando pedia um cartão para Rafael Martins por falta sobre Schelotto.

É certo que William (67’), de cabeça, e Adrien (86’), num remate forte, não andaram longe da baliza de Stefanovic. Mas o Sporting desta noite não foi convincente e acabou o jogo em sofrimento. Sobretudo hoje, o candidato ganhou mais com sorte do que com mérito. E isso chega para subir a líder à condição.

A conclusão é evidente. Ainda que com porções que divergem a cada ano, a receitas do título fazem-se sempre com estes dois ingredientes: mérito em doses generosas e sorte q.b., em momentos decisivos.