Por: Paulo Graça

O Nacional venceu pela primeira vez na presente temporada, ao levar de vencida o rival Marítimo no dérbi da Madeira, num desafio em que foi decisivo o golo de «bicicleta» de Salvador Agra para quebrar a hegemonia do Marítimo nessa altura do jogo. No final, o Marítimo ainda fez questão de ajudar o adversário, com um remate de Bonilha e um defesa contrário a dar o score final, num jogo em que ficou patente alguma falta de organização ofensiva do Marítimo, que foi quebrada por alguns momentos de inspiração de Dyego Sousa.

O Marítimo apresentou uma equipa muito mais «esticada» do que em outras ocasiões, atuando num 4x3x3 e defendendo em 4x2x3x1, muito por culpa da descida de Jean Cléber para o lado de Erdem Sen. Existiam extremos como novidades (Xavier à esquerda e Edgar Costa à direita), mais um homem no ataque, posição entregue a Dyego Sousa.

Por sua vez, Manuel Machado lançou um onze quase reinventado, com mais e melhores opções. Manteve Jota na equipa, mesmo à frente de Washington e ao lado de Tiago Rodrigues. Na frente uma linha «rápida», com Witi à esquerda, Salvador Agra no outro lado e o argelino Hamazaoui no centro atacante. Na defesa, a novidade foi o regresso de Rui Correia, que fez dupla com Tobias Figueiredo.

FILME E FICHA DE JOGO

Denotando uma boa circulação de bola, o Nacional entrou atrevido, com pressão alta e quase a sufocar o Marítimo no seu meio campo. Washington deu o mote com um remate forte logo aos dois minutos.
Depois de 20 minutos difíceis, o Marítimo conseguiu ultrapassar as dificuldades. Subiu as linhas e conseguiu empurrar o Nacional para o meio-campo defensivo. Deygo Sousa fez dois passes de classe, primeiro para Fransérgio (19 minutos) e depois a isolar Edgar Costa (20 minutos), que rematou para grande intervenção de Rui Silva.

Quando nada fazia prever, Salvador Agra produziu aquela que é, muito provavelmente, a maior obra de arte da edição 2016/17 da Liga: uma execução notável de bicicleta na área verde-rubra a surpreender Gottardi.

O Marítimo acusou o golo e PC Gusmão lançou Ghazaryan logo após o intervalo, abrindo ainda mais a linha atacante.

Pouco depois, com o resultado na mesma, o treinador do Marítimo lançou Amido Bálde que obrigou Rui Silva à defesa da noite.

O Nacional reagiu e, na sequência de um canto, introduziu a bola na baliza da equipa forasteira. Bruno Paixão invalidou (bem) o lance por mão na bola de Tobias Figueiredo.

Com o Marítimo a apostar todas as fichas, o jogo ficou partido. Faltou uma melhor definição em algumas jogadas, principalmente da parte do Marítimo, que denota alguma intranquilidade coletiva. Residiu essencialmente aí a diferença entre os dois conjuntos.

Ainda antes dos últimos dez minutos, Samuel e Baldé falharam dois golos feitos. E, já com três avançados centros (Bábá, Dyego Sousa e Baldé), o Marítimo empurrou o Nacional para dez minutos de grande aflição defensiva, mas faltava discernimento nos processos de decisão. O Nacional, por outro lado, mostrava-se em contra-ataques e foi assim que sentenciou a partida por intermédio de Bonilla.

Triunfo da equipa mais organizada e que melhor futebol praticou diante de um Marítimo que melhorou em relação a jogos anteriores mas que ainda tem muito trabalho pela frente.