A medicina já o provou há centenas de anos: a forma mais eficaz de combater uma doença é atacá-la no estado inicial.

E o Estoril tentou fazê-lo na receção ao Paços de Ferreira, num jogo de capital importância para duas equipas em luta cerrada pela permanência. Aos 19 segundos, a defesa pacense, que aguentara a baliza a zeros durante mais de 90 minutos na última jornada contra o FC Porto, foi surpreendida por Bruno Gomes, autor do golo mais rápido desta edição da Liga.

Parecia o princípio de uma tarde feliz para a equipa de Ivo Vieira, que entrou para a 27.ª jornada na condição de lanterna vermelha do campeonato e numa sequência de cinco derrotas.

Só que nesta fase da época parece não haver «princípio ativo» que valha aos canarinhos. A crise de confiança é tal que o Estoril enfrenta dois adversários por semana: o adversário que tem pela frente e ele próprio.

O empate com que sai para as últimas sete jornadas da Liga não afasta o conjunto da Linha da luta pela permanência, mas complica-lhe (e de que maneira!) as contas após um jogo em que só se pode queixar de si próprio.

FILME E FICHA DE JOGO

Os minutos iniciais mostraram um Estoril atrevido e apostado em deixar para trás a sequência de maus resultados. Depois do golo de Bruno Gomes, a equipa canarinha esteve mais duas vezes perto de ampliar a vantagem nos primeiros dez minutos, primeiro por Lucas Evangelista e depois por Dankler.

Apesar de ter mais bola, e dos problemas organizacionais crónicos da equipa da casa, só a partir da meia hora de jogo é que a equipa de João Henriques conseguiu incomodar Renan.  Quiñones atirou à barra na sequência de um canto e Bruno Moreira e Xavier estiveram perto do empate a poucos minutos do descanso.

O 1-0 ao intervalo premiava a entrada arrojada da equipa da casa na mesma medida em que castigava a falta de eficácia pacense, que conseguia pôr a nu as debilidades dos homens de Ivo Vieira.

Escrevemos linhas acima que o Estoril tem pela frente dois adversários sempre que entra em campo e o que antecedeu o golo do empate do Paços, é o mais perfeito exemplo disso. Eduardo, sem oposição, falhou de forma incrível o 2-0 que as bancadas já celebravam aos 54 minutos.

Num minuto, o Paços, de pré-sentenciado, lançou-se para o empate com a mesma receita com que arrancara três pontos há uma semana na receção ao FC Porto: Miguel Vieira, com um desvio oportuno junto ao relvado na zona do primeiro poste, fez o empate.

Na resposta, Ivo Vieira lançou Kyriakou e Allano para o terreno de jogo, mas faltou quase sempre sangue frio ao Estoril para fazer danos aos Pacenses, mais confortáveis com o nulo que acabou por registar-se no final dos 90 minutos.

O cerco está cada vez mais apertado para o Estoril.

Para o Paços, um bocadinho menos.