O Feirense recebeu o Benfica na véspera do 100.º aniversário, mas foram os encarnados a fazerem a festa, a lançarem os foguetes e a apanharem as canas.

Raúl Jiménez decidiu colocar um ponto final nas formalidades e abriu o champanhe. Mais tarde, decidiu partilhá-lo com Rafa e estragar em definitivo a festa de aniversário dos fogaceiros. Com o triunfo por 2-0, o Benfica pressiona o FC Porto e acalenta o sonho de voltar a conquistar o título de campeão nacional.

A corrida para o título aproxima-se do final e a visita ao Castelo de Santa Maria da Feira assumia-se como uma deslocação decisiva para o Benfica na luta pelo penta. Por isso, os encarnados entraram com uma intensidade brutal, a impedir o Feirense de ultrapassar a linha do meio campo.

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O lado esquerdo, com Grimaldo, Zivkovic e Cervi, era o lado preferencial para furar a muralha contrária. Uma série infindável de cruzamentos tirados e jogadas concluídas com pontapés por cima, longe de traduzirem o enorme domínio benfiquista em verdadeiras ocasiões de golo. A oportunidade flagrante acabou por nascer no flanco oposto, por intermédio de Rafa (34’). Arrancada da direita para o meio, a deixar Briseño e Tiago Gomes para trás, qual flecha, e a atirar ao poste na cara de Caio Secco.

Pelo meio, os fogaceiros conseguiram contrariar o ímpeto contrário. Ao minuto 28, criaram mesmo o primeiro lance de perigo junto à baliza de Varela. Tiago Silva levantou para o pontapé de João Silva. Curto, para quem precisava de pontos para fugir à manutenção e queria travar o Benfica.

Tiago Silva, uma das duas novidades no onze de Nuno Manta, acabou por ser o desmancha-prazeres da festa. O organizador de jogo ofensivo dos fogaceiros foi imprudente e viu o segundo amarelo por uma falta sobre Rafa. Porventura, uma falta desnecessária, visto que o extremo encarnado seguia para a linha lateral.

Se o desconforto do Feirense na partida era gritante com onze elementos, acentuou-se com apenas dez. O Benfica sabia que um golo desbloquearia o jogo e praticamente asseguraria o triunfo. Por isso, as águias entraram na etapa complementar a jogar de forma mais cerebral e calma, procurando o espaço ideal para criar situações de golo e materializar o domínio que detinham.

Pizzi, de regresso à equipa inicial, assumiu a batuta do jogo. Descobriu André Almeida com um passe sensacional e o lateral serviu Jonas para o primeiro aviso da segunda parte (51’). Valeu Briseño, com dois cortes absolutamente assombrosos, a impedir que o pistolas inaugurasse o marcador.

Após essa chance criada, Rui Vitória decidiu arriscar. Retirou Grimaldo do encontro e lançou Raúl Jiménez, a aposta não poderia ter sido mais certeira. O avançado mexicano voltou a demonstrar que é um suplente de luxo e precisou de apenas trinta segundos (!) – leu bem – para abrir o ativo. Transição dos encarnados, com Jonas – parece estar em linha – a desmarcar-se na direita, a passar para o mexicano. Rocha tinha, aparentemente, o lance controlado e, ao invés de esperar a saída de Caio Secco (de volta à baliza) tentou o corte, com a bola a sobrar para Raúl atirar para o 1-0. Nó desatado e caminho aberto para a vitória.

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A partir do golo inaugural ao minuto 59, o Benfica criou uma mão cheia de oportunidades, quase em catadupa, para dilatar a vantagem. O Feirense tentava resistir, conforme podia, embora o segundo golo fosse uma questão de tempo.

Jonas atirou ao poste, de primeira, após passe de Cervi (67’) e Rafa – bastante perdulário no regresso à casa onde concluiu a formação – surgiu isolado, mas permitiu o corte de Edson Farias (74’). Pese embora o desperdício vermelho e branco, o resultado era inquestionável. E, acima de tudo, a vitória não estava em perigo.

Raúl Jiménez (que entrada em campo!) isolou Rafa e à terceira, o extremo não desperdiçou. Ultrapassou Caio Secco e arrumou definitivamente a questão do vencedor do encontro. Por respeito ao antigo clube, não festejou.

Até ao final, a formação de Nuno Manta tentou chegar ao tento de honra, porém, o melhor que conseguiu foi um pontapé longe do alvo, por João Silva (90’). Pelo meio, perdeu Briseño por expulsão. Por outro lado, Rafa viu o poste e Caio Secco negarem-lhe o bis (85’ e 87’).

Em suma, um triunfo que não merece autoritário e escasso para o que o Benfica produziu. Assim, as águias ficam, provisoriamente na liderança, à espera do que o FC Porto vai fazer no dérbi da Invicta. O Feirense continua perto da zona descida e pode acabar a jornada no penúltimo lugar.