O Penafiel, cumprindo a tradição, não venceu na jornada inaugural da Liga. Aliás, de volta ao escalão principal, a formação duriense deu um tremendo passo em falso, perdendo em casa frente a um adversário direto. Triunfo natural do Belenenses, mais maduro, deixando a Cruz a norte. Muito trabalho à vista para Ricardo Chéu, mérito para a estratégia montada por Lito Vidigal.

Uma boa notícia neste regresso do Estádio 25 de abril ao mapa da Liga: a aposta em jogadores portugueses. O Penafiel entrou em campo com um onze cem por cento nacional, enquanto Lito Vidigal respondeu com oito portugueses de início no Belenenses. De louvar.

Ricardo Chéu, oriundo do Académico de Viseu, assumiu o comando técnico dos durientes face à saída de Miguel Leal para o Moreirense. O jovem treinador (33) surgiu como adjunto na ficha de jogo, com Eduardo Luís no papel principal. Apenas no papel, lá está.

O recinto apresentou meia cara lavada neste regresso à Liga, enquanto a outra metade continua em obras, com naturais embaraços. Muito por fazer a menos de dois meses da receção a um grande, o Sporting.

Voltemos aos onzes, com essa forte presença nacional. Ricardo Chéu apostou na raça e apresentou várias caras novas em relação à época passada, com naturais reflexos na identidade da equipa. No Belenenses, maior noção de continuidade e experiência na Liga, evidente ao longo do encontro.

Lito Vidigal, ainda a reclamar contratações de qualidade, ousou com um 4x2x3x1, Fabio Sturgeon nas costas de Deyverson, a baralhar as marcações contrárias. A atitude positiva valeu um golo precoce. Abel Camará ganhou espaço na direita e cruzou para o desvio de Sturgeon, na zona do ponta-de-lança. Primeiro golo do jovem internacional português no escalão sénior.

O Penafiel denotava ansiedade e a clarividência de João Martins (irmão de Carlos) parecia insuficiente para arrumar a casa e conduzir a equipa em direção à baliza de Matt Jones. As melhores oportunidades, aliás, continuaram a pertencer ao Belenenses, mas a equipa da casa chegaria mesmo ao empate, na sequência de uma grande penalidade. João Afonso terá desviado com o braço na área, permitindo a João Martins assinar o 1-1. O árbitro mostrou o cartão amarelo ao central.

Ao intervalo, substituição aparentemente forçada nos locais. Bura saiu para dar lugar a Capela e o jogador ex-Académico Viseu entrou mal. Novo golo visitante ao quinto minuto, desta vez na etapa complementar. Mais uma assistência de Abel Camará, desta vez pelo ar, e belo cabeceamento de Deyverson, um dos melhores em campo.

Ricardo Chéu respondeu com crescente ambição. Primeiro Vítor Bruno para a esquerda, depois o sacrifício do lateral direito Tony para a entrada de Guedes, um homem para se juntar a Rabiola na frente. O Belenenses recuava progressivamente as suas linhas, sem deixar de se assumir como a equipa mais tranquila e clarividente nas transições ofensivas.

Guedes ainda procurou o empate, na fase de maior pressão dos locais, mas seriam os homens do Restelo a fixar o resultado final, de forma justificada. Iniciativa de Fredy, que entrou bem no jogo, e Miguel Rosa a balançar as redes contrárias.