O leão ia saindo ferido na luta pelo título da deslocação a Tondela, mas salvou-se no último segundo, com um golo salvador de Coates. Sofrido, sofrido.

O golo surgiu oito minutos para lá dos 90 - com o árbitro da partida a dar descontos sobre os quatro minutos extra que tinha dado inicialmente -, numa bola bombeada para área que, depois de embater no poste, sobrou para o pontapé certeiro de Coates que levou à explosão de alegria do banco do Sporting e e das bancadas do estádio João Cardoso, onde os adeptos do Sporting estavam em clara maioria.

A luta pelo topo da Liga continua ao rubro, com FC Porto, Sporting e Benfica separados por dois pontos - pelo menos até à conclusão do Estoril - FC Porto agendado para quarta-feira - mesmo que Mathieu tenha estado perto de estragar as intenções de um Sporting parco em ideias neste regresso ao campeonato.

Uma palavra para o Tondela, para quem a derrota talvez seja um castigo demasiado pesado, depois de um jogo de combate em que mostrou o porquê de estar a fazer uma campeonato tranquilo. 

Tondela em modo "hardcore" ainda assustou

Pepa avisara que a sua equipa quando imprime níveis elevados de intensidade ao jogo torna-se uma equipa “hardcore”. E foi isso que se viu logo a partir dos primeiros minutos. Relativamente tranquilos na tabela classificativa, os beirões entraram muito bem, a dificultar muito a circulação de bola do Sporting.

E depois, no ataque, Tomané ia caindo sobre os flancos para deixar caminho livre para a entrada dos extremos e os centrais dos leões demoraram a acertar com as compensações.

E demoraram tanto, que o Tondela inaugurou o marcador logo aos 13 minutos, numa jogada em que Miguel Cardoso aproveitou a movimentação de Tomané para, um minuto depois de ameaçar, marcar mesmo, perante um leão ainda adormecido.

A equipa de Jorge Jesus, porém, acusou o toque e não demorou a reagir e ameaçou, sobretudo, em remates de longe, ora por Gelson, ora por Bruno Fernandes, aos quais faltava, porém, pontaria.

Só que esta noite, o Sporting voltava a contar com um homem que tem “Golo” como apelido. Bas Dost só precisou de uma oportunidade – e de um toque, como lhe é hábito – para marcar. O cruzamento de Acuña é perfeito e o holandês ganhou as costas a Ricardo Costa para selar com golo o seu regresso à equipa.

Com o argentino Acuña a ser o motor principal da equipa, o Sporting cresceu após o empate e esteve perto da reviravolta, da mesma forma, aliás, que o Tondela também podia ter chegado a nova vantagem.

Se o empate se manteve, aliás, deveu-se a Cláudio Ramos e a Rui Patrício. E até foi o guarda-redes internacional português a brilhar primeiro, negando o golo a Tyler Boyd com uma excelente defesa, aos 33 minutos.

Do outro lado, porém, o colega de setor não lhe quis ficar atrás e negou com a ponta dos dedos o que seria um golaço de Bruno Fernandes, antes de Mathieu, mesmo a fechar o primeiro tempo ter ficado a milímetros do 1-2, após cruzamento primoroso de Acuña.

Doumbia para o campo... Mathieu para o banho

Insatisfeito com o rumo do jogo, Jorge Jesus mexeu ao intervalo, tirando um apagado Montero para a entrada de Doumbia.

Mas se a intensidade do jogo se manteve em níveis elevados, as oportunidades de golo rarearam desapareceram após o reatamento. O treinador do Sporting voltou a mexer ainda antes do minuto 60, fazendo entrar Rúben Ribeiro para o lugar do “amarelado” Bruno César, e recuando Acuña para a lateral-esquerda, mas veria um dos jogadores que menos esperaria condicionar a equipa logo no minuto seguinte.

Mathieu, experiente jogador francês de 34 anos, que tinha visto cartão amarelo há apenas seis minutos, envolveu-se numa troca de “mimos” com Pedro Nuno e acabou expulso, por acumulação de amarelos, deixando a sua equipa em inferioridade a trinta minutos do fim.

E esse golpe deixou o Tondela ainda mais confortável na partida, não dando espaços defensivamente e obrigando o Sporting a procurar um jogo muito mais direto do que lhe é costume. Só que aí, os homens de Pepa estiveram irrepreensíveis, apagando sem grande dificuldade quaisquer focos de perigo e explorando de forma venenosa o contra-ataque.

A emoção do futebol levada ao extremo

Quem acompanha o futebol sabe, porém, que as surpresas são recorrentes. E quando já poucos acreditariam que era possível desfazer o empate, oito minutos para lá dos 90, surgiu o golo salvador de Coates.

Há uma bola bombeada para a área, na confusão a bola bate no poste da baliza de Cláudio Ramos, sobrando para o remate fulminante de Coates a fazer a reviravolta no marcador e a deixar tudo na mesma na luta pelo título.