* Por Raul Caires

O Marítimo voltou este domingo às vitórias na I Liga após vencer o Arouca por 3-1, numa partida que foi bem disputada e ofereceu bons momentos de futebol, embora a espaços, ao longo dos 90 minutos. A equipa madeirense esteve a perder mas conseguiu empatar em cima do intervalo e sentenciar o resultado a seu favor no segundo tempo. Daniel Ramos continua a sonhar com a Europa, já Manuel Machado segue sem vencer desde que assumiu o comando técnico após a partida de Lito Vidigal para Israel.

Ambas as equipas apresentaram muitas novidades nos seus onzes em relação à última ronda. No Arouca de Manuel Machado destacaram-se Sami e Artur, que já vestiram a camisola do Marítimo, e ainda o regresso de Nuno Coelho, após uma ausência de algumas semanas devido a lesão. Pelo lado da equipa da casa, as titularidade de Brito e Alex Soares constituíram as principais novidades.

FILME E FICHA DE JOGO

O Marítimo já descansado, por ter a manutenção na I Liga matematicamente garantida, procurava voltar às vitórias depois do desaire no Bessa (3-0 aos pés do Boavista) contra um Arouca goleado em casa (0-4) pelo FC Porto e que ainda luta por assegurar a tranquilidade entre a elite do futebol português.

Com esquemas tácticos muito semelhantes e com objectivos mais ou menos propícios para providenciar uma partida de futebol aberta e ofensiva de parte a parte, a verdade é que o primeiro quarto de hora pouco ou nada trouxe em termos de ocasiões de golo. O Marítimo procurava criar perigo saindo com critério, mas o Arouca ia contrariando com eficácia, fruto de um bom posicionamento em campo que tapava todos os caminhos da sua baliza.

Aos 20 minutos, num lance de contra-ataque puro, Walter ganhou na luta individual com Raul Silva, na direita, e serviu Sami, que quase sem oposição só teve de encostar para o fundo das redes à guarda de um impotente Charles. Um golo contra a corrente do jogo, não que o Marítimo estivesse a justificar estar na frente, mas porque até ao momento nenhuma equipa havia produzido o suficiente para justificar uma alteração no marcador.

O Marítimo acusou a desvantagem e isso foi notória na forma como tentou recuperar a igualdade, falhando muitos passes e revelando calma e falta de ideias quando conseguia chegar ao último reduto arouquense. Já a equipa de Manuel Machado continuava fiel a si própria, preocupando-se sobretudo com uma eficaz ocupação de espaços e na recuperação da posse de bola para lançar transições rápidas. 

Com o aproximar do intervalo, os madeirenses conseguiram assentar o seu jogo ofensivo e encostar o Arouca ao seu meio campo defensivo. A pressão viria a dar os frutos desejados aos 40’, com um grande golo de Zainadine Júnior. Na sequência de um pontapé de canto marcado desde a esquerda, a defesa visitante afasta e Fransérgio aproveita para servir o moçambicano, que de primeira e sem hipóteses para Bracali disparou para esticar as redes desde a zona frontal da grande área. O estádio levantou-se em reconhecimento e alívio...

O jogo não estava famoso em termos de nota artística, mas o golaço de Zainadine fez esquecer rapidamente os momentos de tédio que vinham pautando a partida desde o início, e que só haviam sido interrompidos com o tento inaugural de Sami, um ex-maritimista que fez questão de não celebrar o golo por respeito à sua antiga equipa.

O descanso não trouxe alterações nos onzes iniciais. Mas Manuel Machado foi obrigado a trocar de guarda-redes pouco depois do reatamento, fazendo entrar Bolat para o lugar do lesionado Bracali. O Marítimo reentrou muito melhor na partida e o técnico arouquense optou por ser o primeiro a mexer a sério. Mas não foi a tempo, já que quando se preparava operar as mudanças projectadas, a equipa de Daniel Ramos fez o segundo. 

Aos 64', Fransérgio cruza desde direita e Bolat ainda defende um primeiro remate de Alex Soares, mas o esférico sobra para Keita, que só precisa de encostar para o seu primeiro golo na I Liga e associar o seu nome à reviravolta no marcador.

Logo a seguir entraram Mateus e Kuka, para os lugares de Sami e Anderson Luís. Manuel Machado mantinha-se fiel ao seu plano. Só que esteve estava destinado a falhar. Aos 75', num contra-ataque venenoso, António Xavier é lançado por Keita na direita e cruzou rasteiro para a zona do segundo poste, onde apareceu Fransérgio a encostar para o fundo das redes. Mais um grande momento de grande futebol da equipa madeirense.

O jogo continuou bem vivo até ao final da partida, com sinal mais para o Marítimo assinar o quarto, mas também com um Arouca empenhado em reduzir. Aos 88', Mateus conseguiu encontrar espaço para receber na pequena área, mas pisou bola, caindo em seguida. Charles agradeceu e resolveu fácil após o atabalhoamento do avançado. Mas foi Bolat a brilhar até ao final, já que por duas vezes evitou a goleada com duas excelentes intervenções.