João Pedro Sousa tinha anunciado que não ia mudar a sua forma de jogar, depois do desaire, na ronda inaugural, diante do Benfica, e acabou por ser compensado, esta noite, com uma reviravolta no Estádio Nacional que lhe permitiu somar os primeiros pontos na nova edição da Liga. O Belenenses chegou ao intervalo a vencer, mas permitiu a reviravolta do determinado adversário em apenas quatro minutos do início da segunda parte.

Petit procurou repetir a receita que tanto sucesso fez em Guimarães, mantendo a mesma estrutura, com uma defesa a três, mais uma vez com Phete, fazendo apenas uma alteração no meio-campo, com Bruno Ramires a render Cauê. João Pedro Sousa, como tinha anunciado, manteve-se fiel à forma de jogar do Famalicão , e a verdade é que também fez apenas uma alteração na defesa, com Patrick William a render Jorge Pereira, além da mudança forçada no ataque, com De Campo a ocupar a vaga de Toni Martínez, a caminho do FC Porto.

Tal como no Estádio Dom Afonso Henriques, o Belenenses concentrou os seus esforços em manter uma defesa equilibrada e consistente, arriscando pouco nas subidas para o ataque, procurando explorar a velocidade de Silvestre Varela e Miguel Cardoso para ferir o adversário. O Famalicão, determinado em mostrar que a goleada consentida na primeira ronda tinha sido um acidente de percurso, procurou assumir as rédeas do jogo, com mais posse de bola, mas com dificuldades em encontrar espaços no último terço, como já dissemos, bem defendido pelos «azuis».

O jogo começou, assim, com marcações fortes, muita luta pela bola, mas pouco futebol. O Famalicão procurava explorar as faixas laterais, com a velocidade de Lameira, sobre a direita, e Valenzuela, do lado contrário, mas raramente conseguiu chegar à linha de fundo para cruzar. Pelo meio também havia demasiada gente. O Belenenses montou a muralha e só saía a jogar quando via o adversário desequilibrado, respondendo com passes em profundidade, mas também sem grande sucesso.

Era o Famalicão que tinha mais bola e parecia controlar o jogo, mas, já perto do intervalo, Tiago Esgaio lançou Miguel Cardoso pela direita e o extremo cruzou tenso para Cassierra desviar, de cabeça, junto ao primeiro poste. Em três passes, o Belenenses chegava à vantagem, com algum cinismo, mas acima de tudo, uma extrema eficácia, como já tinha feito, na ronda inaugural, em Guimarães.

O Famalicão procurou reagir já no segundo tempo procurando imprimir mais intensidade e velocidade ao jogo e a verdade é que apanhou o Belenenses desprevenido. Em dois tempos, os visitantes viraram o resultado, em dois lances com muitas culpas para a defesa da equipa de Petit.

O empate chegou num pontapé de canto que a defesa azul não conseguiu afastar da sua área. Del Campo recuperou a bola à entrada da área e serviu Riccieli que, no limite do fora de jogo, virou-se para a baliza e fuzilou André Moreira. Quatro minutos volvidos, novo erro tremendo da defesa azul, num mau atraso para Phete que não chegou à bola e permitiu que Valenzuela arrancasse disparado para o segundo golo.

Em quatro minutos mudava tudo. Agora era o Belenenses que tinha de assumir as rédeas do jogo e atacar baliza de Zlobin.  Os azuis carregaram com tudo o que tinham, Cassierra chegou a marcar, mas estava adiantado e não valeu. Logo a seguir, Silvestre Varela obrigou Zlobin a aplicar-se para segurar o empate. O jogo estava, nesta altura, mais intenso do que nunca.

Petit também foi empurrando a equipa para a frente, com as entradas de Robinho e Edi Semedo, mas o Famalicão já tinha mudado o chip para o modo defensivo, respondendo apenas a espaços, em transições rápidas. No meio de muitas alterações nas duas equipas, Miguel Cardoso ainda tentou a meia distância, sem sucesso. Com sete minutos de compensação, os azuis arriscaram tudo, ainda submeteram o Famalicão a um sufoco tremendo, mas não conseguiram evitar a derrota.

O Famalicão, que nunca tinha vencido em casa do Belenenses, nem sequer marcado um golo, marcou dois esta noite e somou os primeiros três pontos na nova edição da Liga, tantos quantos soma o Belenenses.