Marítimo e Nacional empataram sem golos no dérbi madeirense que encerrou a 22.ª jornada da Liga. Sem derrotas há sete jogos, o Marítimo podia ficar a um ponto do Vitória de Guimarães, e continuar a sonhar bem alto com um lugar europeu. Mas recebeu um vizinho aflito (17.º e penúltimo classificado), que também entrou em campo para não perder, apesar de ter tentado regressar às vitórias, após oito encontros sem o conseguir.
 
O equilíbrio dominou a partida, pelo que nulo acabou por ser o resultado mais ajustado ao que se passou nos 90 minutos.
 
Foi um Marítimo algo condescendente aquele iniciou a partida no seu «Caldeirão». Ao 4x4x2 idealizado por Predrag Jokanovic, Daniel Ramos respondeu com um 4x2x3x1 compacto e claramente interessado em ceder a iniciativa ao Nacional. A intenção era clara: deixar a construção alvinegra chegar perto do meio campo defensivo verde-rubro para depois procurar espaços nas costas da defesa adversária.
 
Por ambas equipas surpreendeu o facto de terem ficado no banco de suplentes aqueles que podem ser considerados como os elementos que mais desequilíbrios costumam causar quando jogam: Salvador Agra, pelo Nacional; e Edgar Costa, no Marítimo.
 
A primeira grande oportunidade surgiu logo no segundo minuto de jogo, quando o central do Nacional, Rui Correia, cortou um cruzamento desde a esquerda levando a bola a passar muito perto da sua baliza. O quase autogolo não fez mossa no estado de espírito da defesa nacionalista.

FICHA DE JOGO DO MARÍTIMO-NACIONAL
 
Só que o jogo estava desenhado para ser equilibrado. O Nacional manteve-se fiel ao seu esquema tático, procurando atacar de forma organizada, com o Marítimo à espreita para responder com transições rápidas. Mas ambas as intenções foram esbarrando nas defesas, com a verde-rubra a ser obrigada a um maior esforço.
 
Excetuando um livre direto em zona frontal para cada equipa (ambos foram cobrados por cima), os primeiros 20 minutos revelaram um jogo combativo mas dentro dos parâmetros já descritos. E foi só aos 23’ que  o Nacional criou a sua primeira grande oportunidade. Sequeira centrou para a área e encontrou Ricardo Gomes, que ainda conseguiu cabecear na direção da baliza apesar de estar de costas. Mas Charles estava concentrado e segurou o esférico sem problemas.
 
O Nacional ficou mais atrevido e começou a aparecer mais vezes em zonas propícias para alvejar a baliza do arquirrival. Mas em todas as ocasiões criadas, faltou sempre algo mais, como força ou arte, já que as bolas ou saíram ao lado ou foram encaixadas sem problemas pelo jovem guardião brasileiro do Marítimo.
 
Quando o apito para o descanso chegou era o Nacional instalado no meio campo da equipa da casa. A equipa de Daniel Ramos, sobretudo a partir dos 25 minutos, começou a evidenciar dificuldades para construir as tais transições ofensivas rápidas que privilegiou para explanar no primeiro tempo, muito por culpa da boa organização e concentração do coletivo visitante. O nulo no marcador parecia satisfazer ambos os técnicos. E o mesmo gosto manteve-se no reatamento, com os onzes iniciais intocados a regressarem ao terreno de jogo.
 
 
Reentrou matreiro o Marítimo, já que aos 47 minutos, na sequência de uma transição ofensiva executada com uma rapidez invulgar para o que se vinha assistindo no jogo, Dyego Sousa concluiu com eficácia após assistência de António Xavier. Só que o golo acabou por ser anulado, aparentemente porque a bola terá transposto a linha de fundo.
 
Mas antes que o equilíbrio que marcou o primeiro tempo começasse a ganhar raízes, Daniel Ramos fez sair Éber Bessa fazendo entrar Edgar Costa. A aposta na renovação do ataque foi imitada pouco depois por Jokanovic, que trocou o apagado Zequinha por Salvador Agra.
 
O Caldeirão começou a aquecer mas o perigo que rondou ambas as balizas esteve sempre longe de redundar em golos, já que a ambos os guarda-redes bastou apenas evidenciarem que estavam atentos. 
 
O Marítimo conseguiu um maior ascendente ofensivo no segundo tempo, mas o maior esforço da equipa da casa revelou-se insuficiente para furar a defensiva nacionalista.
 
Perto do final, o árbitro João Pinheiro indicou para a marca de grande penalidade na área do Nacional, num lance envolvendo Sequeira e Dyego Sousa. Mas depois voltou atrás na sua decisão por indicação do auxiliar. 
 
Antes, aos 86, Djoussé, que havia entrado para o lugar de Éber Bessa, conseguiu isolar mas permitiu que o que guardião Facchini resolvesse com o braço esquerdo a melhor oportunidade da equipa da casa. Estava escrito que o dérbi tinha de acabar empatado.