Golos, espetáculo, triunfo e lágrimas. Vitória justíssima do Rio Ave, assente em dois belos golos, o segundo, de Gil Dias, digno de Maradona, num futebol de qualidade e num jogo muito bom, que teve ainda três bolas nos ferros e muitas ocasiões. Mas que, culpa do Marítimo, que empatou em Paços de Ferreira, não chega para a Liga Europa.

O Rio Ave é sétimo da Liga e fica a um ponto da qualificação europeia conseguida sobre a meta na época passada. Vitória amarga de uma das equipas que melhor futebol mostrou este ano e de um grupo com jogadores com qualidade para outros voos.

Quanto ao jogo, Luís Castro surpreendeu ao deixar Gil Dias no banco para fazer entrar Heldon, de regresso, mantendo Ruben Ribeiro. Do outro lado, Domingos Paciência colocou Vítor Gomes, de regresso a casa, no lugar que foi de Yebda frente ao Moreirense, e ainda apostou em Juanto para acompanhar Maurides no ataque.

A verdade é que a estratégia da casa resultou bem melhor. Num jogo que começou feio, o Rio Ave cresceu a partir do golo madrugador que apontou. Combinação entre Rúben Ribeiro e Lionn, centro do lateral e Guedes a ganhar a Dinis Almeida, nas alturas, fazendo o golo. Estávamos no minuto 7. A história do jogo, verdadeiramente, começa ali.

A notícia, esperava o Rio Ave, iria certamente viajar até Paços de Ferreira, onde os de Vila do Conde aguardavam um golo da casa que conjugasse as duas necessidades para o regresso à Europa: vitória e derrota do Marítimo.

De qualquer forma, só o seu jogo era possível de controlar e o Rio Ae fez por isso, depois do golo. Na mais flagrante ocasião, viu Rúben Ribeiro atirar à trave, mas também, pouco depois, Tarantini ficar a centímetros de desviar um centro de Heldon, hoje dos melhores da casa.

O Belenenses, por seu turno, demorou a encaixar no rival. Precisou que André Sousa e Vítor Gomes ligassem o interruptor e acordassem para o jogo. E, então, criou perigo. Passe longo de Vítor Gomes e Maurides a atirar à trave, respondendo à letra a Rúben Ribeiro.

O segundo tempo voltou a ser de controlo para a equipa de Luís Castro. Melhor e mais tempo por cima. Domingos trocou Juanto por Betinho ao intervalo mas o português pouco acrescentou. Benny, que substituiu Edgar Ié pouco depois, também não fugiu de um papel secundário nesta batalha, sendo que o melhor suplente até foi Yebda, último a entrar mas que ainda tirou ao poste, perto do fim.

Do lado da casa, as melhores ocasiões do segundo tempo, antes do 2-0, foram protagonizadas por Heldon, que desperdiçou na cara de Ventura, Rúben Ribeiro, em remate a rasar o poste, Gonçalo Paciência, que entrara para o lugar de Guedes, e numa jogada incrível fez tudo bem, mas o remate saiu ligeiramente ao lado, e ainda Petrovic, que apareceu solto após livre de Rafa mas fez um passe ao guarda-redes.

Nas bancadas roíam-se as unhas, no banco notava-se a inquietação. Olhos no relvado, ouvidos na Mata Real. Todos à espera de um golo que desse sabor à vitória que se desenhava nos Arcos.

No relvado, contudo, veio a obra de arte que marca o jogo. Gil Dias recupera uma bola ainda no seu meio campo, arranca imparável e só para quando a bola já está no fundo da baliza de Ventura. Um golo «maradoniano» a selar um triunfo amargo porque a notícia que os de Vila do Conde mais queriam nunca chegou.

O Marítimo aguentou o nulo na Mata Real e festejou, com um ponto a mais, o apuramento europeu. E para a despedida impõe-se o cliché: o Rio Ave sai de cabeça bem erguida.