Os resultados desmentem a ideia, mas sem Rúben Ribeiro a orquestra do Rio Ave procura novas afinações e uma nova pauta de trabalho. Venceu no Restelo e agora o Boavista mas, principalmente contra os axadrezados, a exibição esteve a milhas da qualidade demonstrada noutras partituras.

Guedes começou a resolver o clássico nortenho, com um desvio de primeira, aos 14 minutos, depois de um cruzamento milimétrico de João Novais. A bola bateu no poste e parece ter transposto por completo a linha de golo. Após consulta ao VAR, o árbitro Hélder Malheiro manteve a decisão. Nem as imagens televisivas são concludentes.

O melhor ficou para o fim: Yuri Ribeiro, numa jogada individual que merece ser vista e revista, fechou o marcador já depois dos 90. Um momento condenado a aparecer no best of desta Liga. Fantástico, à-Maradona!

FICHA DE JOGO E A PARTIDA VISTA AO MINUTO

Os três pontos reforçam o quinto lugar do Rio Ave, a sete pontos do Sp. Braga, quarto classificado. Uma excelente posição, a ameaçar o regresso às provas da UEFA, mas um resultado que esconde uma atuação francamente nivelada por baixo.

O ADN do Rio Ave é reconhecido e aplaudido. A equipa obriga-se a construir com qualidade, de pé para pé e a partir do guarda-redes. Em tardes inspiradas é um hino ao futebol total e envolvente; em jogos como este, o processo irrita e provoca mossa ao próprio Rio Ave.

Demasiados equívocos, passes falhados em zonas perigosas, muita gente a ter dificuldade na relação com a bola. Onde começa a incompetência do Rio Ave e o mérito do Boavista? Algures no ponto certo de equilíbrio nesta análise.

DESTAQUES DO JOGO: Geraldes quer a batuta e Yuri o «best of» da Liga

Sim, os axadrezados apareceram com um plano que incluía uma pressão feroz e alta, feita pelos três avançados mais Fábio Espinho. Outra equipa, que não o Rio Ave, teria reagido com passes longos, em busca de uma segunda bola ou de um ressalto.

O Rio Ave não é assim e foi até ao jogo fiel aos seus princípios. Segurou o triunfo, sim senhor, mas nunca teve o porto de conforto e segurança que Rúben Ribeiro lhe dava. Francisco Geraldes tentou esse papel, foi até o melhor, mas jogar com Óscar Barreto em vez do novo leão faz toda a diferença.

Na perspetiva do Boavista, é claramente justo reclamar o empate, pois a equipa de Jorge Simão teve uma mão cheia de jogadas a prometerem perigo e golo. Faltou sempre fogo e fúria na frente, pois Leonardo Ruiz e Kuca nunca tiveram o andamento de Mateus.

Rui Pedro, a promessa cedida pelo FC Porto, jogou só os últimos 15 minutos e esteve muito perto do empate aos 80. Se não joga mais é, por certo, por Jorge Simão não gostar da sua atitude diária no trabalho. Se fosse só pela qualidade, o Boavista teria Rui Pedro e mais dez.

Nota final para uma jogada de enorme polémica nos Arcos. Aos 66 minutos, Fábio Espinho isolou-se, Rui Vieira chegou atrasado e parece ter tocado levemente no gémeo do adversário. Hélder Malheiro deu amarelo a Espinho por suposta simulação. Aparentemente equivocou-se.