Fenomenal. Bom era se tivesse sido este o adjetivo que definiu o jogo, mas não. Foi mesmo um fenómeno meteorológico invulgar que antecedeu o início da partida. Num espaço de minutos, o sol desapareceu e deu lugar às nuvens. Daí até à chuva torrencial e trovoada foi um piscar de olhos.

O jogo começou por isso num relvado bastante fustigado com a chuva que caiu. Mas isso não atrapalhou de forma alguma o desenrolar do jogo, muito pelo contrário, conferiu-lhe maior velocidade do que aquela que, à partida, se previa.

Até porque em campo estavam duas equipas que se conheciam bem, e o culpado, no bom sentido, era Lito Vidigal.

O agora treinador do Arouca regressava a uma casa que conhecia muito bem, embora este Belenenses de Julio Velázquez tenha alterado por completo o seu estilo de jogo.

Não foi, por isso, de estanhar a maior hesitação por parte das equipas, procurando estudar-se nos minutos iniciais para depois sim tentarem criar oportunidades de perigo.

E foi o Arouca a primeira equipa a chegar-se à baliza contrária, e logo com hipótese de fazer golo. Aos 17 minutos, o cruzamento de Mateus encontrou Artur ao segundo poste, mas o médio falhou o desvio à boca da baliza, desperdiçando uma boa oportunidade para deixar a formação visitante em vantagem.

O lance no ataque do Arouca acordou o Belenenses, que começou a partir para a frente com mais homens e a dar mais trabalho ao adversário. Sempre com muita troca de bola, os azuis lá iam ameaçando mas sem efeitos práticos.

Por outro lado, os arouquenses foram mais resolutos nas jogadas de ataque e conseguiram de novo estar mais perto do golo. Aos 31 minutos, Ivo Rodrigues apareceu sozinho no interior da área do Belenenses, aproveitando uma falha de marcação da defesa azul após um livre. No entanto, o avançado falhou o remate, atirando à meia volta muito por cima.

O Belenenses continuou a insistir, sempre com muita troca de bola no meio-campo e com combinações interessantes pela esquerda. Bakic, Carlos Martins e Miguel Rosa foram tentando descortinar uma forma de penetrarem na muralha defensiva montada por Lito Vidigal e acabaram por conseguir algo positivo, a expulsão de Jubal.

Arouca reduzido a dez mesmo antes do intervalo

O ataque do Belenenses foi persistindo e obrigou a defesa do Arouca a cometer mais erros. Esses ataques resultaram em feridos. Aos 39 minutos, Jubal, que já tinha cartão, cometeu uma falta sobre Miguel Rosa à entrada da área e recebeu o segundo amarelo. A expulsão deixou o Arouca reduzido a dez numa altura em que o intervalo já espreitava.

Uma dor de cabeça para Lito Vidigal no centro da defesa, que obrigou o técnico do Arouca a alterar a estratégia definida para o segundo tempo.

FILME DO JOGO

Curiosamente, no reatar da partida, ambas as equipas entraram em campo sem alterações.

Como já era de prever, foi o Belenenses que entrou mais forte, logo com duas situações de grande perigo nos primeiros quinze minutos, e ambas pelo mesmo jogador.

Aos 49 minutos, Bakic viu um defesa do Arouca tirar um golo quase certo. Na sequência de um canto cobrado por Calos Martins, Rafael Amorim desviou ao primeiro poste e deixou a bola
à mercê de Bakic, que rematou contra o corpo do lateral arouquense e a bola terminou nas mãos de Bracali.

O mesmo Bakic, dez minutos depois, tentou desviar de joelho um canto batido por Carlos Martins, mas atirou por cima, quando estava junto à linha de golo.

Depois disso, oportunidade flagrante para Miguel Rosa, aos 62 minutos, a permitir uma grande defesa a Bracali.

Walter atravessou a ponte, Lucas Lima fez de Cristo Rei

Quando ninguém estava à espera, o Arouca chegou ao golo numa bonita jogada de contra ataque. Aos 66 minutos, Mateus fez um passe venenoso para Walter González. O avançado paraguaio foi por aí fora, aproveitando a autoestrada na defesa azul, sentou Rafael Amorim na área, e rematou para o fundo das redes de Ventura. Um balde de água fria no Restelo.

Depois foi a vez de Lucas Lima entrar em ação. O lateral esquerdo do Arouca tirou por duas vezes o golo ao Arouca, primeiro aos 77 e depois aos 86 minutos. Antes tinha sido ele próprio a marcar o segundo golo do Arouca, aos 81 minutos, na cobrança de um livre direto.

Até ao final destaque para mais duas expulsões, uma para cada lado. Primeiro foi Rafael Amorim a receber vermelho direto, aos 80 minutos. Depois foi Mateus, cinco minutos depois, a receber ordem de expulsão.

O final de jogo foi pautado por muita confusão dentro e fora das quatro linhas. Foi num clima hostil que surgiu o apito final.

Vitória surpreendente do Arouca, num jogo onde se valeu da eficácia do seu contra ataque. Pior sorte para o Belenenses que acabou com uma derrota difícil de aceitar, e ficou ainda com baixas importantes para o próximo jogo.