Caro leitor, se não tem andado atento aos campeonatos jovens portugueses ou à II Liga, tome lá nota deste nome: Francisco Geraldes. O médio entrou de rompante na Liga à 2ª jornada e fez o que quis em Santa Maria da Feira, sendo o maior, mas não único, culpado por uma exibição do Moreirense que impressionou pela qualidade e rigor aplicado. O resultado diz quase tudo: triunfo por 3-0. Talvez até seja demasiado pesado para o Feirense, mas a culpa é de Geraldes, que esteve nos três golos.

O médio emprestado pelo Sporting roubou o protagonismo numa tarde de reencontros na Feira. E de bom futebol, o que, como sempre, é de agradecer.

GERALDES foi a figura (Os destaques)

Pepa reencontrou-se com o Feirense, o Feirense reencontrou-se com a Liga e o Moreirense com as vitórias, conseguindo a primeira da época. E conseguiu-o jogando bem, sendo melhor mais tempo. Num bom jogo, Pepa foi feliz no regresso a uma casa que bem conhece. Acontecesse o que acontecesse, sabia que seria sempre figura central do embate. Portanto, que fosse por colocar a equipa a jogar bom futebol. E foi o que fez.

Um Moreirense movido a Francisco Geraldes dominou praticamente toda a primeira parte e, mesmo sendo bem menos efetivo na segunda, conseguiu, pelo menos, não deixar que o rival criasse grande perigo. E matou o jogo na segunda metade.

Do outro lado, depois de um início apático, José Mota abanou com o jogo a partir do banco, não hesitando em mudar ainda na primeira parte quando já perdia 1-0, num golo que Geraldes inventou com uma recuperação na raça e passe a rasgar para Nildo que, depois de passar Peçanha, assistiu Roberto para o toque fatal.

Mas, dizíamos, José Mota conseguiu equilibrar a balança com o golpe de asa que se pede aos treinadores. Os últimos minutos da primeira parte já foram do Feirense e a segunda metade, até ao 2-0, também estava a ser. Mas um domínio, sublinhe-se, apenas territorial. Perigo não havia. Makaridze teve uma intervenção complicada aos 10 minutos, a livre de Barge, e pouco mais.

Um géniozinho a maturar em Moreira de Cónegos

Já dissemos mas nunca é demais repetir: o Moreirense foi (e provavelmente será ao logo da época) muito daquilo que Francisco Geraldes quis que fosse. É o homem das decisões no miolo do Moreirense. Além do golo, rasgou de novo a defesa da casa com um passe que permitiu a Roberto disparar um míssil à trave (e Dramé falhar escandalosamente na sequência). E, claro, foi dele o canto que resultou no segundo tento visitante, apontado de cabeça por Marcelo Oliveira, e ainda foi a tempo de marcar, também, fechando o resultado num disparo seco e cruzado, à entrada da área.

Pode pedir-se mais? Claro. Atenção aos excessos, por exemplo, pois arriscou o vermelho numa entrada despropositada sobre Fabinho, após perda de bola. João Pinheiro ficou-se pelo amarelo.

E já que falamos do árbitro convém sublinhar que, mesmo sendo bem auxiliado, teve uma tarde difícil na Feira. Na primeira parte o Feirense queixou-se de três grandes penalidades. A primeira, em lance entre Diego Galo e Platiny foi a que deixou mais dúvidas, pois parece haver um toque no pé do avançado. Nas outras, terá decidido bem: Platiny, novamente, atirou-se antes do contacto com Marcelo Oliveira e o desvio com a mão de Diego Galo, que existiu, aconteceu num remate à queima-roupa. Nunca é fácil para o defesa controlar um lance desses.

Voltamos ao jogo apenas para contar que praticamente acabou com o 0-2. O Moreirense estava satisfeito, claro. O Feirense já não tinha discernimento para mais. Claro que um resultado destes permite sempre reacender a chama caso a equipa em desvantagem reduza, mas os homens de José Mota nunca mais mostraram as mesmas armas do final da primeira parte e início da segunda.

E se, nem aí, pese as boas intenções, criaram real perigo, como ser diferente quando se está bem mais longe da baliza e de cabeça quente? Não espantou, portanto, que eventuais dúvidas acabassem com o terceiro, no fechar do livro de Geraldes, o homem do jogo, ainda que Luís Aurélio tenha atirado à trave nos descontos. Um pormenor na história destes 90 minutos.

Primeira vitória do Moreirense na Liga, primeira derrota do Feirense. Pepa foi feliz no regresso à Feira. A Liga dos menos atentos descobriu um talento que vale a pena seguir.