Mantém-se a tradição. Se é que se pode chamar tradição a uma sequência de três jogos para Liga. Mas o essencial fica: o Rio Ave continua sem vencer o Arouca. Semana negra em Vila do Conde. Depois do empate em Moreira de Cónegos e a pesada derrota na estreia da Liga Europa, o Arouca não foi o rival desejado para a retoma. Foi a Vila do Conde ganhar 1-2 e evitar que o rival se isolasse na liderança da Liga, num resultado que premeia o sofrimento do Arouca por contraste com a falta de pontaria local.

A equipa de Pedro Emanuel apareceu muito personalizada nos Arcos. Tem um núcleo duro experiente, sabe o que quer e, neste caso, soube levar o jogo para os caminhos que precisava.

Teve sorte em alguns pontos, aproveitou erros alheios e cresceu. Sugou as fraquezas do rival, expostas na desconcentração fatal de Marcelo que permitiu abrir o ativo. Ou será excesso de confiança?

A verdade é que o central, pese o inegável valor que já demonstrou, comprometeu e muito esta tarde. Não foi apenas o golo, marcado por Nildo ao minuto 13, depois de lhe roubar a bola à entrada da área. É que o lance intranquilizou notoriamente o Rio Ave, que nem tinha entrado mal, com uma arrancada de Tiago Pinto na esquerda a ser o espelho mais visível.

A perder cedo e com o fantasma do Dínamo Kiev certamente a pairar ainda nos Arcos, Pedro Martins teve dificuldade em puxar a equipa para a frente. E, quando conseguiu, a sorte não quis nada com a sua equipa.

Diego Lopes atirou ao poste aos 20 minutos. Tarantini, a dois metros da baliza, não conseguiu enganar Goicochea. Tudo na mesma até ao descanso.

Presidente pede, equipa responde

Ao intervalo uma intervenção pouco habitual nos tempos modernos do futebol. António Silva Campos foi ao relvado falar às bancadas. Queria mais apoio. Sentia que a sua equipa poderia dar a volta se o público empurrasse um pouco mais.

As bancadas responderam sim e nem precisaram esperar muito para festejar. Já com Marvin e Pedro Moreira em campo, nos lugares de Wakaso e do apagado Bressan, o Rio Ave foi para cima do Arouca e, num dos cantos que conquistou logo a abrir, marcou.

Foi Tarantini, que até aí vivia tarde não, a desviar de cabeça o centro de Ukra. Parecia relançado o jogo. Mas aconteceu ao Rio Ave o pior nestas alturas: voltou a sofrer.

David Simão: da euforia ao desespero

Se Tarantini marcou aos 47, o Arouca respondeu aos 50. O Rio Ave tirou da área uma bola despejada mas esta foi parar ao pé de David Simão, que não se fez rogado. Estava à entrada da área e foi dali mesmo. Acertou em cheio, saiu fortíssimo e colocado. Cássio tocou mas não desviou. Um golaço que devolvia o Arouca ao jogo no mais improvável dos momentos.

Mas a montanha russa de emoções não ficava por aqui. Dois minutos depois, o mesmo David Simão comete falta a meio campo e é expulso, com segundo amarelo. O golpe final que voltou a devolver o Rio Ave ao topo, mas com uma diferença no marcador para quebrar.

Aí, e até ao fim, o Arouca percebeu bem o seu papel e não o negou. Defendeu. Pedro Emanuel trocou Claro por Roberto. Lançou Rui Sampaio e Nuno Coelho. Abdicou do ataque organizado que não fazia falta. Entregou as despesas ofensivas a Roberto e colocou os restantes cá atrás.

O Rio Ave ainda voltou a empatar, é certo, mas o lance foi anulado por pretensa falta de Tarantini sobre Goicochea que deixa muitas dúvidas, contudo. Já na primeira parte, em novo lance duvidoso, tinha sido o Arouca a protestar um golo limpo.

No resto das tentativas, ou Goicochea era melhor, ou a pontaria era fraca. O Arouca usou o relógio a seu favor e o resultado permaneceu. Leva três pontos para casa, algo que ainda não tinha feito esta época. 

O Rio Ave soma o terceiro jogo seguido sem ganhar, falha o assalto à liderança e perde pela primeira vez na Liga. A tradição é curta, mas começa a chatear os de Vila do Conde.