*por Paulo Graça

O Marítimo venceu convincentemente o «novo» Belenenses de Domingos por claros 3-0, num jogo onde a qualidade futebolística não foi muita, mas em que dois fatores destruíram os objetivos da equipa de Belém, acelerando a sua derrota.

Primeiro, a sua passividade defensiva e, depois, os dois golpes de cabeça de Raul, que colocaram a «nu» as falhas de marcação defensiva contrária. Uma vitória justa e consubstanciada em lances de bola parada, nos quais a equipa de Daniel Ramos já provou ser muito eficaz.

Com mais este triunfo, a equipa madeirense volta a repor a diferença pontual para o Rio Ave, afigurando-se agora como um sério candidato ao sexto lugar desta Liga.

Não foi um jogo de grande «primor» técnico/tático, pois as equipas encaixaram-se taticamente, principalmente no meio campo. Erdem Sen controlava às ações defensivas da equipa maritimista e Fransérgio tinha a responsabilidade de coordenar as ações ofensivas.

No Belenenses, Miguel Rosa transportava o jogo ofensivo e Vítor Gomes fazia as coberturas defensivas. Por isso, o início da partida antevia um jogo de fraca qualidade técnica e tática, o que realmente veio a acontecer.

O jogo ganhou emotividade com o golo verde-rubro, já a caminho da primeira dezena de minutos. Aos seis minutos, Vítor Gomes fazia o primeiro remate à baliza de Charles, aos oito minutos foi a vez Raul fazer o golo de cabeça, mostrando uma eficácia total, logo na primeira vez em que chegou à baliza contrária.

Contudo, esse foi um lance com muitas culpas para os dois centrais dos azuis, os dois a verem o brasileiro a saltar e a cabecear para o golo.

Aos poucos, a equipa de Domingos Paciência foi subindo no terreno, pressionando mais o meio campo contrário e, com isso, começou a criar situações de superioridade numérica ofensiva. Mas era mais um jogo consentido por parte do Marítimo, que teve sempre uma atitude defensiva muito eficaz. A circulação de bola dos azuis era rápida, em passes curtos e utilizando muito as alas.

Num desses lances, Diogo Viana, aos 18 minutos, podia ter feito melhor, mas o remate cruzado passou a milímetros do poste direito da baliza de Charles.

A maior pressão da equipa forasteira resultou, num espaço de três minutos, em dois livres perigosos, mesmo à entrada da área da equipa de Daniel Ramos. Miguel Rosa foi chamado a converter ambos sem que existisse qualquer perigo para a baliza dos verde-rubros. O Belenenses estava melhor no jogo, contudo sempre sem criar verdadeiras oportunidades de golo.

Até ao intervalo, apenas Brito tentou a sorte, com um remate forte à entrada de área, que Cristiano defendeu sem muita dificuldade.

Após o intervalo, começou melhor o Marítimo, com Brito a rematar logo aos dois minutos à rede lateral da baliza de Cristiano. A equipa de Lisboa respondeu logo a seguir, com Vítor Gomes a fazer um passe de mais de trinta metros para Miguel Rosa, que, à entrada da pequena área, falhou o remate, quando só tinha Charles à sua frente.

Não marcou o Belenenses, aproveitou o Marítimo para fazer o segundo, de novo de cabeça e de novo por Raul. Uma vez mais, a equipa verde-rubra foi eficaz e os centrais azuis ficaram a ver o central do Marítimo cabecear para a baliza, solto de marcação. Estava feito o 2-0, que praticamente arrumou com a equipa de Domingos.

Só não foi o 3-0 logo a seguir, porque Brito, isolado, foi egoísta e permitiu a defesa de Cristiano, quando tinha Edgar Costa sozinho do outro lado.

Domingos mexeu na equipa, meteu Abel Camara e Ortuño para o ataque, abdicando de uma defesa e de um avançado (Miguel Rosa). Jogou no risco, a tentar a sorte, mas descurou na defesa.

O tento de honra do Belenenses não esteve assim tão próximo, pois Charles não foi chamado a intervir em lances de perigo, tamanha foi a falta de objetividade ofensiva.

Vitória consumada do Marítimo, perante um adversário que mostrou passividade a mais para quem vinha de uma chicotada psicológica.