Este jogo não se explica com fatores táticos ou escolhas estratégicas.
 
O FC Porto-Penafiel, que marcou a despedida de uma época estranhamente negativa para os dragões, exibiu o estado profundamente depressivo com que os azuis e brancos terminam 14/15.
 
Aboubakar ainda fez o 1-0 e Danilo o 2-0, mas já na reta final da partida, numa fase em que o nulo começava a afigurar-se como cenário muito provável.

Empatar em casa com o último, na última jornada da Liga, seria cenário impensável no universo portista: mas esteve muito perto de acontecer.

Deu para ganhar, mas nem sequer deu para Jackson aumentar vantagem na luta pelos melhores marcadores.

O Penafiel, já depois do 1-0, esteve muito perto do 1-1, mas valeu aos portistas o 2-0 de Danilo, bela forma de se despedir do Dragão, rumo ao Real Madrid.

Os dias anteriores ao encontro tinham sido de tensão entre a equipa e os adeptos. Um grupo de «Super Dragões» prepararam receção hostil aos jogadores, no Olival, atrasando o início do treino. A estrutura portista respondeu em «newsletter» diária. Novas formas de gerir a contestação.
 
O modo como a claque portista reagiu (com o silêncio) acabou por marcar definitivamente o evoluir do encontro.
 
Foi estranho acompanhar um jogo no Dragão com tão pouca gente e tamanho silêncio (só interrompido, a espaços, para tímidos aplausos a jogadas de Quaresma e cabeceamentos de Jackson, ou então para assobios aos falhanços de Casemiro ou ao incrível desperdício de Brahimi, mesmo no fim da primeira parte).

O desenrolar da partida viria a ser marcado pela «dança de faixas» que as claques portistas (Super Dragões e Coletivo) foram mostrando, sempre com conteúdo crítico para com a atitude da equipa.

Penafiel também teve mérito
 
O Penafiel, já condenado à descida há muito tempo, apresentou-se tranquilo, organizado, pragmático: não inventou, não se fechou demasiado. João Martins até teve remate perigoso que obrigou Helton a boa defesa, Pedro Ribeiro fez corte excelente a evitar que Jackson se isolasse.
 
Havia competência no modo como o Penafiel impunha o 0-0, não foi só a incapacidade concretizadora do FC Porto.
 
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O segundo tempo manteve cara idêntica: o FC Porto a tentar, mas sem querer assim muito (e a acreditar ainda menos).
 
O Penafiel a sonhar com o 0-0 e a fazer por isso: risco quase zero na hora de defender, muito acerto nessa fase do jogo, mas sem descurar por completo o contra-ataque (Helton fez um número muito considerável de defesas).

Quintero e Brahimi foram muito assobiados quando saíram, as faixas de protesto iam aumentando...

Até que Aboubakar, num lance aparentemente inofensivo, fez o 1-0. Antes, quem tinha estado mais perto do golo tinha sido Quaresma (de longe, o melhor em campo entre os portistas, pela irreverência) e Jackson, nos cabeceamentos.

Danilo ainda festejou

O 1-0 aceitava-se, porque no meio de exibição pobre e sem garra o FC Porto criou ocasiões para vencer, mas o empate não deslustrava, em função do comportamento digno do Penafiel.

Danilo ainda foi ao 2-0, despedindo-se da melhor forma do Dragão. O momento ajudou a um final com mais aplausos que assobios.

Os Super Dragões e o Coletivo abandonaram o estádio a cantar «O Porto é nosso...» e nem sequer ficaram para festejar o tímido 1-0...
 
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