por Tomás Faustino

O Sporting de Braga passou a ser a equipa com melhor registo na segunda volta, com 13 pontos em 15 possíveis, e consolidou ainda mais o quarto lugar no presente campeonato, com a terceira vitória na Madeira esta época (0-1 contra o União, 2-3 contra o Nacional e agora 1-3 frente ao Marítimo), num jogo que fica marcado por uma exibição muito contestada do árbitro Manuel Oliveira.

Confira a FICHA DO JOGO

Paulo Fonseca, a pesar na Liga Europa, trocou seis nomes no onze inicial, mas manteve o sistema tático e os princípios de jogo que caracterizam este Sporting de Braga. Um 4x4x2 com muita mobilidade dos homens da frente, subidas frequentes dos laterias (hoje foi Wilson Eduardo quem jogou na direita e esteve em bom plano), qualidade de passe e criatividade em sobra.

Nelo Vingada, num claro sinal de respeito ao poderio adversário, montou a sua equipa num 5x4x1, perdendo uma unidade na frente para juntar uma peça à dupla de centrais. Assim sendo, Dirceu fez de líbero na perspetiva de dobrar Maurício e Romário, principais responsáveis na marcação direta a Hassan e Rui Fonte. A estratégia denunciava um estudo minucioso ao adversário e representava a forma que o treinador julgava ser capaz de anular o ataque contrário e alcançar os seus objetivos.

Mas nada se pôde concluir sobre ela, pois morreu à nascença. Numa disputa de bola entre Maurício e Rui Fonte, o defesa verde-rubro cortou o lance de forma legal, mas Manuel Oliveira, com um erro tremendo, considerou grande penalidade e expulsou o brasileiro. Chamado a bater, Pedro Santos não vacilou e fez o marcador funcionar pela primeira vez, condicionando desde então o jogo do Marítimo, que por volta do primeiro quarto de hora já se apresentava em inferioridade numérica e no marcador.

Curiosamente, havia sido a equipa da casa a entrar melhor na partida, chegando de forma rápida e objetiva ao ataque. No lance imediatamente antes da grande penalidade a favor do Braga, Dyego Sousa faz um excelente trabalho à entrada da área e isolou João Diogo pela direita. O lateral fez bem a diagonal, mas na cara de Marafona não acertou com o remate e a oportunidade perdeu-se. Depois vem a expulsão, a grande penalidade e momentos de grande desnorte da defesa verde-rubra, que sofreria mais dois golos ainda antes do intervalo.

Pedro Santos acelera pelo meio, faz um passe de rotura para Goiano, na esquerda, e o lateral cruza rasteiro para o segundo poste para a entrada triunfante, em carrinho, de Hassan. Estava feito o segundo. Minutos depois, Pedro Santos – quem mais? – inicia e finaliza no lance do terceiro golo bracarense: passe em profundidade para Rui Fonte, que, apesar de se atrapalhar já no interior da área, ainda consegue jogar atrasado para a entrada da área, onde surge Pedro Santos a atirar, de pé direito, para o fundo das redes.

O mesmo Pedro Santos que aos 38 minutos podia ter dilatado a vantagem, mas viu Salin ser rápido a sair dos postes e evitar mais estragos, num lance em que o guarda-redes acabou por se lesionar. E também temos um cabeceamento perigoso de Rui Fonte, aos 42, na sequência de um canto batido por Josué.

Pelo meio, o Marítimo ainda mandou ao poste numa excelente jogada individual de Dyego Sousa, que driblou vários adversários e ofereceu o golo a Éber Bessa, mas o centro-campista acertou no ferro. Nelo Vingada tentou serenar a equipa, substituindo Lyneeker por Alex Soares, e aos poucos a formação madeirense foi reagindo, chegando mesmo ao golo por intermédio de Dyego Sousa. Fransérgio faz um passe magistral a desmarcar João Diogo pela direita, o lateral remata e Marafona defende à saída dos postes, mas a bola bate em Boly, bate no poste e sobra para Dyego Sousa que só teve que encostar, reduzindo para dois golos a desvantagem do Marítimo face ao Braga, ao intervalo.

Na segunda parte, o jogo manteve-se com um ritmo frenético. Primeiro João Diogo rematou forte para defesa de Marafona e depois Josué ficou à beira de ser elevado a herói, quando após um pormenor delicioso sobre Fransérgio, ficou a centímetros de concluir com êxito um chapéu de meia-distância a Haghighi. O Marítimo entrou mais forte, apesar de reduzido a dez unidades, mas a nível de oportunidades manteve-se a linha de toada e resposta: Patrick atirou a rasar a barra, Rui Fonte falhou o golo de forma escandalosa, após cruzamento de Wilson Eduardo na direita.

Aos 73, Dyego Sousa esteve perto de marcar, mas foi desarmado por Marafona, com mais uma boa intervenção, num lance em que sobressaiu também o bom trabalho de Fransérgio. Aos 78, Dyego Sousa assistiu Patrick na esquerda, mas o remate do lateral brasileiro, de ângulo apertado, saiu ligeiramente ao lado do poste. Imediatamente depois, Hassan surge na cara de Haghighi, mas pressionado, desequilibrou-se e rematou de pé esquerdo para fora.

No fundo, uma segunda parte em que o Marítimo jogou de orgulho ferido, teve carácter e personalidade, e puxou dos galões para ir em busca de uma inversão no rumo dos acontecimentos. O Sporting de Braga não conseguiu gerir o jogo da forma que certamente desejaria, mas foi sempre uma equipa perigosa nas transições, ficando sempre a ideia de que tanto podia sofrer como voltar a marcar.