Pressão máxima, rival como líder à condição e acabado de recuperar cinco pontos de desvantagem nas últimas cinco jornadas, necessidade de vencer fora um adversário a fazer um campeonato acima das expetativas e com quem havia empatado a uma bola nos últimos três confrontos para a Liga… É difícil encontrar mais fatores de potencial intranquilidade para o Sporting na visita desta noite a Paços de Ferreira.

A verdade é que chamados pela primeira vez a defenderem a liderança sob a ameaça do rival Benfica os leões não tremeram.

Colocando isto em termos que Jesus já evocou pode dizer-se que o Ferrari de Alvalade (sendo fiel à cor seria mais um Jaguar) não se despistou na estrada sinuosa da Mata Real.

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A equipa de Jorge Jesus entrou em campo já com o Benfica (acabado de vencer em casa o Arouca, por 3-1) como líder provisório, mas saiu de Paços de Ferreira resgatando o primeiro lugar com um justíssimo triunfo por 3-1 e com Slimani a ser a grande figura da partida, ao bisar já depois de fazer uma assistência para Bruno César inaugurar o marcador.

A máquina de Jorge Jesus começou a aquecer os motores a partir do meio primeira parte, quando o técnico decidiu transformar o 4-4-2 num 4-2-3-1: baixou Bryan Ruiz, que deixou de estar ao lado de Slimani para atuar mais sobre as suas costas e vir buscar jogo, e adiantou mais pelos flancos Bruno César e João Mário.

A alteração deu certo e, a partir desse momento, o Sporting, tornou-se mais dominador ainda.

Bryan Ruiz, Adrien, João Mário e, claro, o «Chuta-Chuta» Bruno César tentaram mais amiúde a meia distância… Já Slimani, mesmo sozinho na frente, trabalha por dois e não dá um lance por perdido.

O ponta-de-lança argelino falhou por duas vezes, antes de começar a acertar: ao cabecear torto aos 31’, solto de marcação na área, e aos 39’, assistido por William, não encontrando espaço na área sobrepovoada para rematar para o golo… Haveria, contudo, de vestir a capa de «Super Slim» entrar na veloz máquina de Jesus para assumir-se como herói, como tantas vezes tem sido, logo a partir do minuto seguinte (aos 40'): assistir Bruno César, que, com Marafona pela frente, desviou para o golo.

Ainda antes do intervalo o Sporting quase chegou o segundo, mas João Mário acertou na barra… E deixou o jogo em aberto para o segundo tempo. No entanto, não duraria muito a indecisão quanto ao vencedor. O Paços mostrou-se uma equipa demasiado curta em campo e o Sporting manteve-se em alta velocidade.

DESTAQUES: Slimani está imparável. Adrien e João Mário com casamento perfeito

Em ritmo elevado, os leões foram rondando a baliza do intranquilo Marafona, que aos 63 minutos viu Slimani aparecer-lhe à frente, lançado por João Mário, para meter-lhe a bola por debaixo das pernas e fazer o segundo.

2-0 e o jogo parecia mais do que encaminhado com pouco menos de meia-hora para jogar. Até que um novo teste de resistência à pressão apareceu na frente da formação de Alvalade. Bruno Moreira (o melhor marcador luso da Liga, com 12 golos) surgiu na área – uma raridade num Paços pouco atacou – e de cabeça reduziu a sete minutos dos 90.

Seria de esperar a partir daqui um Sporting de marcha atrás, mas essa possibilidade não passou de um equívoco. Os leões aceleraram de novo e no minuto seguinte voltaram a repor a diferença de dois golos, com João Mário a servir mais uma vez Slimani, para encostar e fazer o 3-1 (resultado igual ao do rival Benfica esta noite sobre o Arouca) e desmoralizar de vez a equipa da casa.

Com o argelino a conduzir, sempre com o pé sobre o acelerador, e João Mário a fazer de co-piloto o Ferrari de Alvalade passou a dura etapa da Mata Real e pode manter distâncias para quem o persegue. 

Mais uma estrada que ficou para trás. O caminho para o título ainda é bem longo e, naturalmente, terá outros obstáculos para contornar.