Arrancada a ferros.

Foi dessa forma que o Sporting de Braga regressou aos triunfos, depois da ressaca europeia. E logo no dérbi frente ao Moreirense.

No fundo, a sorte acabou por proteger a equipa mais audaz. Um golo Fábio Martins, - jogador avesso a desfechos precipitados - em cima da hora valeu o três pontos e uma confortável subida ao quarto lugar.

De resto, foi um dérbi jogado dentro de um estilo muito característico e com emoção do primeiro ao último segundo.

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Abel não mudou uma única peça na equipa que perdeu frente ao Ludogorets na passada quinta-feira. Um esquema com quatro defesas que rapidamente se transformava em três, face à profundidade dada por Jefferson. O posicionamento do lateral, convidava João Teixeira - o cérebro da equipa – a pisar terrenos interiores. Por sua vez, Manuel Machado mudou três jogadores em relação ao jogo da Taça de Portugal e apostou num ataque móvel com Zizo, Arsénio e Tozé.

Ainda assim, foi o Sporting de Braga a demonstrar que o desaire europeu não deixou marcas na sua ideia de jogo. Futebol apoiado, movimentações e trocas constantes, ideia de jogo bem vincada. Foi agarrado a essa interpretação de jogo que a equipa bracarense começou a partida. Com João Carlos Teixeira como o artista de todos os desenhos ofensivos, o Sp. Braga criou oportunidades em catadupa.

Paulinho, João Teixeira e Fransérgio foram os rostos da incapacidade do Sporting de Braga em materializar o ascendente nos vinte minutos iniciais da partida. Os cónegos sustiveram o ímpeto inicial do adversário e começaram a esboçar tímidas aproximações à baliza de Matheus. A exceção foi mesmo um disparo de Zizo que saiu a rasar o travessão e chegou verdadeiramente a assustar.

O crescimento do Moreirense  acabou, naturalmente, por equilibrar o jogo e retirar-lhe agitação tão intrínseca a dérbis. A formação de Abel pareceu ter esquecido as promessas de bom futebol exibidas durante a primeira vintena de minutos, acabando presa na bela organização dos cónegos.

E, nem nos primeiros minutos do segundo tempo, conseguiu libertar-se das amarras. Passes errados, decisões precipitadas e lances invariavelmente perdidos, perante um Moreirense confortável no jogo e que conseguiu ter algum ascendente. Duelos ganhos, inteligência nas saídas para o ataque, em suma, ligeira supremacia da formação orientada por Manuel Machado.

Abel tentou agarrar a equipa ao jogo e lançou Fábio Martins, substituição que se acabou por revelar decisiva no desfecho do encontro. Aliás, quem se dá ao luxo de ter jogadores como Ricardo Horta, Xadas, André Horta ou o próprio Fábio Martins no banco, está sempre mais perto de eventualmente vencer o jogo com uma troca.

DESTAQUES: Fábio Martins, obviamente, mas também muito de João Teixeira

Argumentos diferentes, competição idêntica.

Ricardo Horta entrou para o lugar do apagadíssimo Hassan e os bracarenses começaram a ensaiar o derradeiro assalto à baliza de Jhonatan. As oportunidades começaram a surgir, de forma consecutiva até e adivinhava-se o golo bracarense.

Jhonatan, com uma exibição assombrosa, ia adiando o que aparentemente era inevitável. Parou os remates de Paulinho e Ricardo Horta, mas nada conseguiu fazer perante a classe de Fábio Martins, em cima do minuto noventa. Servido por Paulinho, o extremo surgiu na cara de Jhonatan e com um toque com a parte exterior do pé, carimbou a diferença no marcador.

Esse golo deixa a formação visitada no fundo da tabela e sem conhecer o sabor do triunfo diante do seu público. Por sua vez, este triunfo arrancado a ferros atira o Sporting de Braga para o quarto lugar por troca com o Marítimo. E, acima de tudo, prova que há e continuará a haver sempre espaço para as individualidades marcarem a diferença.