O Bessa voltou a ser uma fortaleza. Essa é a mudança mais visível desde a chegada de Lito Vidigal, sucessor de Jorge Simão. Os axadrezados venceram o Rio Ave (1-0), alcançaram a terceira vitória consecutiva em casa desde a mudança de treinador e teimam em estar fora dos lugares de descida.

Rafael Costa, que até só esteve os primeiros 18 minutos em campo, marcou o único golo do encontro na cobrança de uma grande penalidade (12’). No entanto, há mais para contar além do terceiro golo do médio esta época, especialmente na primeira parte.

O Rio Ave apresentou-se com uma ideia positiva no relvado. Assumiu a bola e o jogo, circulando a toda a largura à procura de uma nesga para furar a muralha axadrezada. No entanto, nunca conseguiu ser verdadeiramente perigoso. Ao contrário do Boavista, diga-se.

Logo aos cinco minutos, Falcone – uma das duas novidades no onze – conseguiu fazer o mais difícil: atirar ao lado em plena pequena área, após um passe de Índio. Volvidos cinco minutos, surgiu o lance que decidiu a partida. Imprudência e, porventura, alguma displicência de Ruben Semedo na abordagem ao lance, acabando por cortar com a mão dentro da área. Depois, Rafael Costa teve frieza suficiente para fazer o 1-0.

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A vantagem serviu como uma almofada ao Boavista. A pantera sentou-se nela e esperou a resposta do rival, espreitando o contragolpe para chegar ao 2-0. Por exemplo, Mateus teve um lance de génio que Leo evitou que acabasse em golo (19’).

Os vila-condenses – que só venceram fora desde que mudaram de treinador – foram em busca da igualdade e dominaram por completo. Em vários momentos, a formação de Daniel Ramos chegou mesmo a asfixiar o Boavista, não o deixando sequer passar o meio-campo. Durante esse período de domínio extremo, criou, naturalmente, ocasiões para marcar. Bruno Moreira deu o mote com um remate de ângulo difícil que saiu por cima (19’), Carlos Júnior - em estreia a titular - permitiu a primeira defesa ao guarda-redes do Boavista (36') e, já perto do intervalo, Diego Lopes (45’) e Tarantini (45+2) viram Bracali negar-lhes os festejos.

Houve uma rara saída do Boavista até ao intervalo aproveitada por Falcone para assustar Leo (37’). O empate seria o resultado mais justo no final dos primeiros 45 minutos, sublinhe-se.

A segunda parte trouxe uma entrada melhor do Boavista. Os axadrezados foram mais agressivos, ganharam mais duelos e não deram hipóteses ao Rio Ave de criar situações. Foi assim, pelo menos, até ao lance que ditou a expulsão de Filipe Augusto por acumulação de cartões.

Os destaques da partida: Bracali, um muro em tons de xadrez

Imediatamente a seguir à expulsão, Lito lançou Jubal para o lugar de Matheus Índio. A mensagem era clara e de fácil entendimento: mais do que fazer o 2-0, era importante segurar a vantagem mínima. E a pantera sofreu.

O Rio Ave, que parecia que nem estava com um jogador a menos, encontrou espaços na trincheira montada pelos homens de xadrez e ameaçou o golo. O recém-entrado Ronan deixou o Bessa em silêncio com um cabeceamento a centímetros do poste. Foi o grande momento dos vila-condenses na segunda parte, pese o maior caudal ofensivo nos últimos vinte minutos.

Engane-se, quem pensa que o futebol não tem muito de sofrimento. O Boavista venceu, somou 26 pontos e saltou para o 11.º lugar enquanto o Rio Ave continua a fazer uma época abaixo das expetativas, ocupando o 9.º posto.