O Boavista venceu no terreno do Tondela (1-2), e deixou a lanterna-vermelha mais carregada em terras beirãs.

A sete pontos do penúltimo, já só um milagre poderá salvar a equipa de Petit da descida. Os axadrezados até jogaram quase uma hora com menos um homem, mas parecerem sempre conseguir controlar as emoções e o jogo de forma mais eficaz do que o adversário.

O cenário está cada vez mais cerrado para o Tondela. A permanência começa no escalão máximo do futebol começa a parecer um D. Sebastião que paira nas hostes tondelenses, mas em quem poucos conseguem acreditar verdadeiramente. O Boavista deu mais uma prova de vida, e mostra-se aí para o que resta do campeonato.

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Eu acredito. Tu acreditas. Eles acreditam. Na semana em que se defrontavam as duas equipas que ocupam a cauda da tabela, ambas lançaram campanhas de crença. «Acredita Tondela», foi o mote lançado pelo clube nas redes sociais. Já os boavisteiros, numa iniciativa, aparentemente promovidas pelos seus adeptos, espalharam a mensagem «Eu Acredito». Tondela e Boavista sentiram necessidade de mostrar aos seus adeptos que ainda existe possibilidade de salvação.

Durante o aquecimento de ambas as equipas, olhando e escutando o estádio João Cardoso, a crença axadrezada encheu o espaço que estava reservado aos seus adeptos, que não se cansaram de cantar e apoiar os convocados por Sánchez para esta importante partida de importância capital.

Com apito inicial do árbitro, toda a atenção se centrou no jogo. E aí, começou ligeiramente melhor o Tondela, assumir as despesas da partida, como estava obrigado, não só por jogar em casa, mas pela desvantagem na tabela classificativa. O Boavista, para quem o empate até servia, como Sánchez assumira, resguardava-se mais, apostando no contra-ataque.

Ainda assim, os primeiros minutos mostram duas equipas a estudar-se, e sem grande vontade de arriscar um milímetro que fosse. Essa situação durou os primeiros dez minutos, em que a bola andou sempre longe das balizas.

Depois, sim, começou a haver mais iniciativa da equipa da casa. A um primeiro lance de Nuno Santos, respondeu o Boavista através de uma boa chegada de Renato Santos à área contrária, que culminou com um remate ao lado.

DESTAQUES: Renato ilumina. Idris dá corpo à esperança

Mas a primeira grande oportunidade, estava guardada para o minuto 17, quando Bruno Monteiro quase marcou, após uma jogada de Oto'o pela direita. Já dentro da área, o médio português esteve bem na receção orientada, ultrapassando um defesa contrário, mas depois não teve a frieza suficiente para desfeitear Mika, que saiu muito bem a fazer a mancha.

Não marcou a equipa da casa, aproveitou o Boavista. Na sequência de um canto muito bem batido por Renato Santos, Iriberri, avançado argentino que Sánchez foi buscar ao campeonato boliviano, saltou mais alto que os defensores contrários, fazendo a bola entrar junto ao poste, sem hipóteses para o estreante Zuikarai.

A resposta do Tondela não tardou. À passagem dos 29 minutos, Wagner entrou na área sob o lado esquerdo do ataque, sendo derrubado por Mesquita. O árbitro da partida hesitou, mas acabou por assinalar grande penalidade, dando a possibilidade a Nathan para empatar a partida.

Gabriel ilumina o lanterna-vermelha?
Se a partida já estava animada, aos 35 minutos ganhou mais um momento de interesse. Com cerca de uma hora para jogar, Reuben Gabriel, já amarelado, foi imprudente na abordagem a um lance com Lucas Souza, levando o árbitro a mostrar-lhe o cartão pela segunda vez. O Tondela estava por cima, e via-se em vantagem numérica, com muito tempo por jogar.

Porém, o que restou do primeiro tempo mostrou muitas quezílias entre jogadores e muito pouco jogo.

Na etapa complementar, Sánchez começou por mexer no tabuleiro dos axadrezados. Com menos um jogador, o técnico colocou Afonso Figueiredo no lado esquerdo da defesa, desviando Hackman para o miolo, na companhia a Idris. A mudança trouxe equilíbrio à equipa, que se montava para defender bem e espreitar qualquer oportunidade para sair.

Ao Tondela é que o intervalo pareceu não ter feito bem. A equipa surgiu para 45 minutos de grande importância com muito poucas ideias, e sem conseguir desfazer a teia bem montada pelo adversário.

Petit foi tentando mexer na partida, colocando homens na frente, mas mesmo a circulação da bola não fluía de forma a conseguir criar vantagem.


Idris surge no nevoeiro
Já depois de a partida ter estado interrompida por cinco minutos, o jogo voltou nos mesmos moldes. O Boavista mais expectante, e o Tondela a procurar o golo, mas com as ideias muito... nubladas.

Até que, após mais um canto de Renato Santos, Idris eleva-se sobre a bruma e alumia o caminho da bola até ao fundo das redes de Zubikarai. Um castigo demasiado severo para o Tondela, mas justo perante jogo a que se assistia.
 
Com o jogo a arrastar-se para o final sem que os tondelenses conseguissem reagir, o apito final, deixou os homens que viajaram do Bessa em êxtase com os seus adeptos, e os jogadores auri-verdes vergados a um destino teima em não lhes sorrir. 

Eu acredito. Nós acreditamos. Eles acreditam... menos.