Figura: Brahimi
Que grande jogo do argelino! E nem é parte integrante do golo que decide a partida. No entanto, talvez ninguém melhor que ele deu imprevisibilidade, aval atacante e sentido de oportunidade ao FC Porto. Embalou a equipa para as melhores jogadas ofensivas, esteve perto de marcar e foi corajoso quanto baste no um para um. Merecidas e justas palmas aquando da substituição por Otávio, ao minuto 70.

Momento: minuto 7, Soares com tique de golo
A criatividade de Óliver criou o desequilíbrio. O serviço de Corona teve dose certa. O desvio de Soares, a pontaria necessária. O minuto sete teve a perfeição e o ímpeto necessário para dar a vantagem e os três pontos à equipa de Nuno Espírito Santo. Tiquinho continua com tique de golo. Com rótulo de decisivo.

Negativo: a confusão ao intervalo
A falta dura de Talocha sobre Corona, perto do descanso, despoletou porventura o episódio menos bonito do dérbi da Invicta. No regresso aos balneários, o mexicano do FC Porto procurou explicações junto do lateral do Bessa. Alfredo Castro saltou do banco boavisteiro em confronto com Corona, deu-lhe um empurrão, gesto que motivou a reacção de Nuno Espírito Santo, com um dedo em riste no adjunto do Boavista. Ambos foram expulsos e não voltaram para o segundo tempo.

Leia a Crónica do Jogo: «Uma casa a arder e o sangue a escorrer (a beleza de um dérbi)»

OUTROS DESTAQUES

Óliver: de drible em drible, o pequenito do meio campo do FC Porto fez por merecer o voto de confiança na titularidade, que surgira pela última vez a 4 de fevereiro, com o Sporting. Na capacidade de fugir à pressão no miolo, foi simples no passe e deu toque de classe no terço atacante. Iniciada a jogada do golo de Soares, ao rodar sobre um contrário, dando a Corona a hipótese de assistir o n.º 29 dos dragões.

Soares: o golo dá-lhe rótulo de decisivo, sim. Contudo, nem só da eficácia se fez a atuação do brasileiro contratado no mercado de inverno ao Vitória minhoto. Luta incessante pela bola e nenhum lance dado como perdido. A exemplo, a grande jogada individual ao minuto 74, que quase dava golo de André André. Jogos na liga pelos dragões é sinónimo de golo: um total de cinco em quatro aparições. Só não tomou o gosto à Juventus, na liga milionária.

Anderson Carvalho: a intensidade do dérbi da Invicta em muito se deve à boa atuação do meio campo de ambas as equipas. Do lado da casa, capaz e ativo na pressão, o miolo do Bessa viu personificado em Anderson Carvalho - da reação à perda de bola à procura de espaços – um homem de barba rija e pronto em campo. Funcionou quase como um médio área-área em alguns momentos. Teve a melhor ocasião para empatar a partida, ainda no primeiro tempo.

Iuri Medeiros: criativo, como (quase) sempre. Vem habituando os adeptos do Bessa à capacidade de desequilíbrio, que foi procurando dar ao longo do jogo. Tentou o golo, mas a pontaria foi pouca em comparação com a criatividade imposta no ataque.

Casillas: não teve tanto trabalho de forma direta, mas soube dar estabilidade nas bolas paradas contra os dragões. E manter a baliza a zeros. O soco na bola aos 32 minutos, a remate de Anderson Carvalho, deu pragmatismo na ação ao guardião espanhol.

Marcano: jogo 100 pelo FC Porto coroado com uma exibição certa no centro da defesa. Quando necessário, deu segurança e coesão à retaguarda portista. Expoente máximo o corte a Schembri, que tirou o pão da boca ao avançado do Boavista e a possibilidade do empate na partida.

André André: à semelhança de Óliver, não desperdiçou o regresso ao onze e coroou 84 minutos de jogo com a atitude e compleição que não se vira em dose semelhante em tempos recentes.

Vagner: foi logo ao minuto um, a remate de Óliver, que começou a dar certeza entre os postes. Tem escassas hipóteses de defesa ao desequilíbrio criado no único golo da partida. Daí em diante, continuou a responder com uma atuação digna na baliza do Bessa. Manteve sempre a equipa de Miguel Leal no jogo. Grande parada a remate de Soares na área, ao minuto 33.