Sol, chuva, sol outra vez, muito frio… Assim como as condições atmosféricas que hoje se abateram sobre o Bessa, o jogo do Boavista também esteve assim, intermitente e imprevisível… E terminou de forma inesperada, com o Rio Ave com menos um jogador a conseguir marcar no quarto de hora final.

Com nove alterações em relação ao onze habitual, os vila-condenses começaram o jogo sob pressão. O Boavista dava poucos espaços e os seus avançados trabalhavam muito na frente, obrigando o Rio Ave a jogar longo.

Faltavam, no entanto, oportunidades nas duas balizas. Quando a primeira apareceu, o Rio Ave agarrou-a com as duas mãos... Hélder Postiga, que se estreou como titular, voltou a marcar no futebol português quase cinco anos depois: de cabeça na área desviou um livre cruzado de Krovinovic para inaugurar o marcador.

O Rio Ave chegava à vantagem a meio da primeira parte, mas só em cima do intervalo o Boavista esteve perto do empate, por Luisinho e sobretudo Iriberri, a fazer uma recarga por cima, após um livre perigoso de Renato Santos.

Era por ali que o Boavista iria chegar ao empate. De bola parada e pelos pés de Renato Santos, entenda-se.

Assim foi quando Pedro Moreira acabou expulso ao derrubar Rúben Ribeiro pelas costas, travando um lance de contra-ataque, concedendo a oportunidade para Renato igualar num livre frontal «na gaveta».

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Golo para o Boavista e expulsão para o Rio Ave no mesmo lance. A segunda parte parecia ter começado de feição para os axadrezados e Sánchez decidiu arriscar e procurar vencer a partida.

Arriscou e perdeu. Destapou demasiado a manta curta dos boavisteiros numa tarde de muito frio.

Antes disso, Yazalde, acabado de entrar, surgiu isolado na frente de Mika (61’) e acabou derrubado pelo guarda-redes axadrezado, que viu o cartão amarelo. O lance é muito polémico e motivou os protestos dos vila-condenses, que pediram expulsão.

O Boavista voltou a estar perto do golo, mas faltou quem desviasse para o fundo das redes. Minutos depois, Hackman falhou, perdeu a bola em zona proibida e com o seu erro ofereceu o contra-ataque com que o Rio Ave mataria o jogo. Desta vez, apareceu Kayembe na frente de Mika, que ainda defendeu à primeira, sem poder evitar a recarga vitoriosa do extremo belga cedido pelo FC Porto.

Estava feito o 1-2 final, apesar de ainda haver pela frente um quarto de hora de ataque pouco esclarecido dos axadrezados num jogo duro e com muitas paragens.

O Rio Ave foi bem mais eficaz e com o triunfo conseguiu fôlego para a luta pela Europa, voltando à condição ao quinto lugar, como para a segunda mão da meia-final da Taça de Portugal, na quarta-feira diante do Sp. Braga.

Mesmo com mais um jogador, o Boavista perdeu em casa e, depois de quebrar a melhor série da época com cinco resultados positivos, agora somou a segunda derrota em menos de uma semana (depois de derrotado em Alvalade, na última segunda-feira).

A maré de bons resultados vazou diante do Rio Ave e, se a Académica vencer, os axadrezados podem voltar para baixo da «linha de água».

Numa tarde de chuva e sol, as nuvens negras da despromoção voltaram a pairar sobre o Bessa.