A maquete do FC Porto tem alicerces sólidos, pormenores interessantes e um estilo perfeitamente definido. Mas está incompleta. Falta-lhe o telhado, se nesta analogia o considerarmos o caminho mais curto para o golo.

O nulo frente ao Schalke 04 é, aliás, a face mais evidente e lógica dessa imagem. O FC Porto fez poucos remates, teve escasso poder e presença na área germânica e, desse modo, não espanta a incapacidade de incomodar a baliza de Ralf Fahrmann.

Há, naturalmente, coisas já muito boas no jogo azul e branco, mas o tom mais forte é, por esta altura, o problema de comunicação entre meio-campo e ataque.

No primeiro tempo, com Sérgio Oliveira e Evandro à frente de Rúben Neves (um dos melhores dragões), o FC Porto padeceu dos mesmos males do teste anterior. Muita posse, passes lateralizados, segurança e Aboubakar esquecido na solitária, entre os centrais alemães.

A FICHA DE JOGO DO FC PORTO-SCHALKE 04

Sérgio e Evandro não se esconderam, quiseram ter influência, mas são muito parecidos na forma como fazem a leitura do jogo. São jogadores de bola no pé, receção e passe. A equipa grita de necessidade por alguém que estique o jogo, ganhe metros e encoste o meio-campo ofensivo ao ataque.

Por ora, esse papel tem de ser desempenhado por um dos extremos. Brahimi e Varela tentaram-no fazer, embora as forças e as pernas não permitam grandes aventuras ainda.

No plano ofensivo, a equipa até melhorou ligeiramente no segundo tempo, com André André ao lado de Danilo e Alberto Bueno à frente deles. Julen Lopetegui desenhou um 4x2x31, com mais capacidade de fazer pressão e explorar os flancos. Ainda assim, curto, para o que mais à frente se exigirá.

LOPETEGUI: «Sabemos que precisamos de algo mais»

O FC Porto teve duas boas oportunidades para marcar. Alex Sandro (excelente exibição) fez um remate ao poste e Alberto Bueno surgiu uma vez em boa posição na área germânica, antes de um defesa fazer o corte.

Podemos sublinhar mais dois remates para defesa de Fahrmann (Rúben e André) e pouco mais.

Falemos agora do comportamento defensivo. Aqui a nota sobe. O FC Porto sabe posicionar-se, já consegue pressionar com alguma qualidade – apesar do cansaço normal – e é eficaz em quase todos os momentos.

Será que isto elimina totalmente o risco e o erro? Não. O Schalke teve, de resto, as melhores oportunidades de golo. Iker Casillas brilhou num duelo com Huntelaar, Helton repetiu a dose na cara do mesmo holandês.

TELLO: «Casillas e Helton são bons para o balneário»

O FC Porto teve dificuldades iniciais para encaixar no 4x4x2 e nos dois bons pontas-de-lança do Schalke, Huntelaar e Franco Di Santo. Não se percebeu bem se a equipa marcava à zona, se um dos laterais fechava no meio ou se era Rúben a recuar.

A verdade é que os dragões recompuseram-se e passaram a ter mais bola a partir dos 20/25 minutos.

Depois, já se percebeu, o problema passou a ser outro. O plano é bom, conhecido, mas está muito incompleto.