Um Rio Ave revolto e leões dóceis durante demasiado tempo na caça à liderança da Liga. Não fosse este felino um predador nato, capaz de num lance apenas decidir um jogo, e o Sporting poderia ter esta noite deixado dois ou três pontos em Vila do Conde.

A equipa de Jorge Jesus venceu. A ferros, mas venceu, graças a um golo de Bas Dost a cinco minutos do final e bem pode agradecer a Patrício («São» Patrício para os devotos) um triunfo que para já lhe vale o comando da Liga à condição, pelo menos até o FC Porto jogar este sábado no Bessa diante do Boavista.

Com o rival Benfica acabado de vencer o Feirense na Luz, também com muitas dificuldades, os pupilos de Jesus suaram muito para passarem nos Arcos – obstáculo que esta época já se havia revelado difícil para o FC Porto, que venceu por 2-1, e para Benfica que aqui empatou 1-1.

No Rio Ave, Miguel Cardoso foi forçado a encontrar substitutos para os castigados Marcão e Bruno Teles, na defesa, e também Francisco Geraldes, emprestado pelo Sporting, que desfalcou o meio-campo. No seu lugar entrou João Novais e no setor recuado os jovens Yuri Ribeiro e Nélson Monte completaram o quarteto defensivo com Marcelo e Lionn.

O Sporting apresentou o mesmo onze que goleou o Desp. Chaves na jornada anterior. Porém, jogar em Alvalade com o Chaves não é o mesmo que jogar em Vila do Conde contra um Rio Ave que gosta também de bola no pé mas tem qualidade na posse de bola e ideias de jogo de equipa grande.

Sem Battaglia a fazer companhia a William e com Podence lá na frente com Bas Dost, o Sporting perdeu o meio-campo. Invariavelmente, durante toda a primeira parte o Rio Ave tinha mais unidades e ganhava segundas bolas na zona nevrálgica do terreno.

RIO AVE-SPORTING, 0-1: FILME DO JOGO

Não foi portanto de estranhar que as melhores oportunidades fossem surgindo para os vila-condenses.

Barreto ameaçou logo ao segundo minuto, com um remate cruzado. O colombiano voltaria a visar a baliza aos 39’, com Patrício a encaixar. Notem bem este momento. Começaria aqui uma exibição de luxo do titular da baliza da seleção nacional. Antes disso, o guardião leonino salvou cabeceamento de Guedes (33’), após cabeceamento de Lionn.

E o Sporting? Bom, o Sporting rematou pela primeira vez aos 32’ por Acuña, após uma oferta de Pelé e só voltou a incomodar Cássio num cabeceamento incompleto de Bas Dost.

Muito pouco para um candidato ao título, que ao intervalo só não perdia para o Rio Ave no marcador. No resto, os da casa dominavam: 60%-40% em posse de bola; 11-4 em remates; 5-2 em cantos (e no final do jogo o desequilíbrio foi respetivamente 59%-41%, 22-6 em remates e 8-3 em cantos).

Se pensam que a estatística espevitaria os leões para os segundo tempo, enganam-se.

É verdade que ao intervalo Jesus trocou Podence por Battaglia, mas nem assim ganhou o meio-campo. Voltou a ser o Rio Ave a dominar: pelo eixo ou pelos flancos os vila-condenses chegavam com facilidade ao último terço leonino. Faltava, no entanto, poder de fogo para concretizar.

RIO AVE-SPORTING, 0-1: DESTAQUES

Barreto atirou forte para nova grande defesa de Patrício (48’), mas seria a Guedes que o Rio Ave ficaria a dever a vantagem no marcador: o ponta-de-lança falhou aos 60’ um desvio na pequena área, após cruzamento de Novais, e aos 84’ o desperdício foi de abrir a boca de espanto: Patrício voltou a salvar o Sporting ao defender um remate fortíssimo de Nuno Santos, até que a bola ficou à mercê de Guedes, que de forma inacreditável atirou por cima.

Para penalizar ainda mais o desperdício rioavista, na jogada seguinte o Sporting marcaria o golo da vitória. Battaglia cruzou para a cabeça de Bas Dost, que, letal, desviou para o fundo da baliza. Um lance em que um eventual fora de jogo é de muito difícil análise, diga-se.

Já antes, ao minuto 71’, o Sporting havia marcado, mas o vídeo-árbitro acabaria por anular o lance por Bruno Fernandes estar impedido aquando do passe de Dost. Aí, a decisão é bem mais clara.

Com 1-0 a cinco minutos do final o Sporting voltaria a sofrer. O Rio Ave lançou-se ainda mais no ataque, aproveitando a lesão de Piccini (Mathieu também saiu lesionado no primeiro tempo) e Guedes voltaria ao desperdício: cabeceou para defesa de Patrício aos 90 e chegaria atrasado para concluir um cruzamento de Rúben Ribeiro no derradeiro lance do jogo.

A verdade é que quem tem Bas Dost na frente e Patrício atrás arrisca-se a vencer, mesmo quando não convence.  

Veja o resumo do Rio Ave-Sporting: