«Pai, se até aos 20 anos não for profissional de futebol, volto para casa e acabo a Licenciatura».

Miguel Laýún prometeu e cumpriu. Dois anos antes de esgotar o prazo, o agora jogador do FC Porto deixou de depender financeiramente dos pais. Fez-se à vida.

«Sempre apoiámos a decisão do Miguel», conta ao Maisfutebol o pai do atleta, Don Miguel Layún sénior. «Os nossos amigos estranhavam, diziam que era uma loucura, mas nós é que víamos a determinação dele, a paixão desde menino».

Assim foi. Em Córdoba, quase bebé, começou a acompanhar o pai aos jogos. «Eu jogava aos fins de semana numa pequena equipa chamada Casino Español. O Miguel ia sempre comigo, andava pelo balneário e aproveitava o intervalo para jogar à bola», recorda o progenitor, ao nosso jornal.

«De manhã ia ter comigo à cama e acordava-me, a berrar: ‘ papá, papá, anda jogar comigo !’. O miúdo só queria jogar futebol».

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Miguel tem duas irmãs. Maria Fernanda, administradora de empresas, e Mariana. Esta, mais nova, foi bailarina e venceu competições internacionais de ballet clássico. Agora dá aulas e estuda gastronomia.

Layún sénior tem uma empresa há 33 anos, e Maribel, a mãe, é dona de casa. O cenário familiar ajuda a contar a história do futebolista do FC Porto.

«Teve a nossa ajuda para tudo, nunca lhe faltou nada. Desde as ligas infantis de Córdoba (ver foto de capa), onde sempre mostrou habilidade, disposição e atitude para o futebol. E, acima de tudo, uma enorme disciplina. Isso fez-me acreditar que era possível vê-lo a triunfar no futebol».

Peças de um puzzle em construção. Nas ligas infantis, «Miguel não faltava a um treino» e chegava «sempre antes dos colegas». O pai recorda outro episódio curioso.

«A organização criou um prémio chamado El Potro de Oro [O Potro de Ouro]. O Miguel ganhou o troféu uma, duas, três vezes seguidas. Para não ganhar mais até lhe atribuíram El Potro de Platina. Criaram a taça propositadamente para ele».
 

Layún com El Potro de Oro

Foi nesses anos que ganhou uma alcunha: «o rapaz dos sete pulmões».

«Corria, corria sempre, não sabemos onde ia buscar tanto oxigénio».  

E seguiram-se as captações no Cruz Azul.

«O Miguel tinha 14 anos, foi a um treino com 300 crianças e acabou por ser um dos três escolhidos», recorda Don Miguel Layún.

Aos 17 mudou do Cruz Azul para o Querétaro, teve uma pequena passagem pelo Tijuana e voltou ao Querétaro, só para ser contratado pelo Veracruz. O profissionalismo começava aí, aos 18 anos.

Em 2009, com 21 anos, treinou três semanas à experiência na Atalanta. Ficou e foi colega de Costinha. Fez dois jogos, tornou-se o primeiro mexicano a jogar na Serie A e voltou ao México. Iniciou uma ligação se seis anos com o Club América e passou a ser chamado à seleção do México.

Miguel Layún soma 32 internacionalizações e três golos. O novo selecionador, Juan Carlos Osorio, visitou-o esta semana no Porto [tal como a Herrera e a Corona] e conta com ele para as próximas batalhas.