Sofrida. Esse é o adjetivo que melhor define a vitória do FC Porto diante do Tondela. O triunfo 1500 dos portistas em toda a história do campeonato teve como únicos apontamentos de brilhantismo o golaço de Brahimi e a defesa de Casillas ao penálti de Salva Chamorro. O guarda-redes segurou a conquista e o segundo posto isolado na classificação.
 
A boa réplica do Tondela não foi suficiente para convencer os adeptos do Dragão, que mostraram a sua insatisfação com a prestação dos seus jogadores. E os adeptos são «soberanos», avisou Lopetegui antes da partida…
 
Lopetegui apresentou-se diante do Tondela com uma equipa com algumas surpresas – o contrário é que seria… surpreendente – mas com o esperado regresso de André André, depois da ausência muito contestada na partida diante do D. Kiev.

Ao seu lado no meio-campo, o nome de Herrera também destoou das escolhas habituais, uma vez que o mexicano não jogava em partidas do campeonato há mais de dois meses. A inclusão de Alberto Bueno – a jogar atrás de Aboubakar - foi outra das novidades do timoneiro basco.

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Já Rui Bento apostou num reforço do flanco direito, jogando com dois laterais de origem – Edú Machado e Oto’o Zue – numa tentativa de limitar as subidas de Layún que tantos proveitos tem dado ao conjunto azul e branco, e de ter um maior policiamento a Brahimi.

Bem montada defensivamente, a formação auri-verde mostrou-se desinibida e com vontade de surpreender em transições rápidas.
 
Os adeptos portistas que esperavam uma resposta cabal da equipa após a derrota comprometedora na Liga dos Campeões, com certeza que não ficaram agradados com a produção da sua equipa. Muito desligado, e a falhar demasiados passes, o conjunto azul e branco não conseguiu criar uma oportunidade de perigo durante os primeiros 25 minutos.
 
O rasgo de que o dragão precisava surgiu quando Brahimi se soltou da teia em que estava preso no lado esquerdo do ataque, trocando de flanco com André André.
 
O resultado dessa alteração demoraria apenas um par de minutos a aparecer. No cinzentismo da exibição portista, Brahimi, qual raio de sol, iluminou a noite fria com um arco de todas as cores que, saído do seu pé esquerdo encontrou o baú do tesouro nas redes de um encadeado Cláudio Ramos.

Uma verdadeira obra-prima, de levantar qualquer estádio de futebol, e a tão ansiada vantagem portista, num jogo em que ainda não tinha feito muito por isso.
 
Apesar do brilhante momento do argelino nascido em Paris, a qualidade do jogo continuou a estar aquém do esperado. O Tondela reagiu à desvantagem com uma excelente arrancada de Oto’o na direita, que não teve o melhor seguimento no interior da área, onde Indi conseguiu aliviar perante a pressão de Nathan.
 
Pouco depois, o árbitro da partida expulsaria Lopetegui – pareceu muito nervoso desde o início da partida – depois de já o ter advertido minutos antes.

RUI BARROS: «O homem [Lopetegui] tem a maneira de ser dele»
 
Seria já da bancada que o treinador basco assistiria à melhor jogada da sua equipa, culminada com um remate de Aboubakar após um excelente passe de Bueno. Era esse o sinal que o dragão deixava na despedida do primeiro tempo.
 
Lopetegui baralha e Casillas segura
 
A segunda parte não trouxe nada de novo. Manteve-se a superioridade clara dos portistas na posse de bola, mas muito pouca criatividade ofensiva. O Tondela fazia o que podia: tentava pressionar alto na saída de bola, fechando-se depois atrás à espera da iniciativa contrária.
 
A verdade porém, é que o FC Porto não arriscava nada na construção ofensiva, dando poucas possibilidades de contra-ataque aos auri-verdes. Foram muito poucas as oportunidades criadas pelos azuis-e-brancos. Um remate de Tello, outro de Brahimi, e pouco mais.
 
Do banco, a mensagem que era passada também não era clara.

Lopetegui começou por colocar Tello no lugar de Bueno. Mas nas alterações seguintes baralhou a equipa: primeiro tirou Marcano e fez entrar Rúben Neves, fazendo descer Danilo para central; poucos minutos volvidos, emendou a mão, tirando Brahimi do jogo para a entrada de Maicon, voltando Danilo ao seu lugar passando André André para o flanco.
 
Dentro do campo, o Tondela ia tentando aproveitar o desnorte de tantas trocas. Primeiro, Baldé numa arrancada pela esquerda criou perigo, com o remate a sair muito por cima. À segunda incursão na área portista, Murillo foi derrubado por Maicon, com o árbitro a assinalar grande penalidade.
 
Os adeptos portistas que já haviam mostrado a insatisfação levantaram ainda mais as suas vozes contra a atuação dos seus jogadores. Contudo, Salva Chamorro, que assumiu a cobrança do castigo máximo permitiu a defesa de Casillas que reconquistou o público e segurou uma preciosa vitória.
 
Menos mau, ter-se-á sentido no reino do Dragão. Apenas isso: menos mau.