De penálti em penálti até ao triunfo final. Dois castigos máximos deram a pena capital ao Desp. Chaves em Vila do Conde: derrota e Europa longe de mais. Perto, isso sim, do Rio Ave, que voltou a ganhar três jogos depois num duelo tão amarrado que seria difícil ficar decidido de outra forma. Pelé, autor dos dois golos, escreveu o seu nome a letras de ouro na história do jogo e embalou a equipa para uma reta final que pode ser de festa, mantendo-se a dinâmica e o resultado desta tarde em que o fruto foi mais apetitoso do que o método.

Esteticamente, há que reconhecer, as duas equipas ficaram aquém do que já se viu esta época noutras batalhas. Não é anormal que assim seja quando tanto está em disputa e, não perder, é quase tão importante como vencer. O Desp. Chaves, pelo menos, para assaltar ainda o quinto posto não poderia ser derrotado nos Arcos. O Rio Ave entrou mais na expectativa e só no segundo tempo esteve mais perto do que já se viu fazer esta época.

Por isso, sobretudo na primeira parte, ressentiu-se o espetáculo. O jogo foi mais disputado do que bem jogado, o equilíbrio de forças era evidente e, mesmo que o Desp. Chaves tenha rondado mais vezes a baliza de Cássio, a nível de ocasiões de golo a diferença não foi assim tanta.

Claro que o Chaves marcou mesmo, num lance polémico, que Hugo Miguel invalidou por pretensa mão na bola de Davidson, o autor do golo, na recarga a uma defesa espantosa de Cássio a cabeceamento de William. Ficam muitas dúvidas neste lance, embora Hugo Miguel tenha revisto no monitor junto ao relvado.

De resto, pese as boas intenções, não houve muito mais sumo para espremer do lado flaviense.

Olhando para os homens de Miguel Cardoso, fica na retina um livre de João Novais, um dos especialistas do campeonato, que Ricardo tirou «in extremis» e um lance em que Guedes nem sequer consegue o remate, segundos antes desperdiçado também por Diego Lopes.

Ou seja, contas feitas e o primeiro tempo não passou muito do plano das boas intenções. O segundo, não sendo brilhante, foi, pelo menos, mais emotivo. E teve os golos, o que ajuda sempre a maquilhar tardes menos felizes.

Sublinhe-se, porém, que, mesmo surgindo nos tais penáltis que abrem esta crónica, não foi por falta de oportunidades antes. Diego Lopes até teve uma espécie de penálti em movimento logo no início da segunda parte, mas, para seu azar, também teve barreira. A defesa do Chaves cortou e respirou.

Mas não muito. O Rio Ave voltou muito mais expedito no segundo tempo, foi carregando e viu Guedes atirar ao poste a melhor ocasião até então. Adivinhava-se o golo da casa mas faltava um empurrãozinho que fizesse a diferença. Deu-o Maras, nas costas de Guedes, dentro da área.

Penálti infantil e desnecessário que Pelé capitalizou. Pior do que isso, só mesmo Perdigão expulso por palavras quando estava...a aquecer. A culminar a sequência incrível, chega o 2-0, noutro penálti escusado, desta feita por azar de Ricardo, que pisa Guedes junto à linha de fundo. Pelé, outra vez, não perdoou.

Nos descontos, o Chaves ainda reduziu, por Matheus Pereira, a meias com Lionn, que desviou o cruzamento para a baliza, carregou até conseguir o empate, mas não teve tempo para isso. O final foi confuso, com Platiny expulso para lá da hora e muitos protestos junto do árbitro.

Certo é que o Rio Ave afasta o Chaves das contas do quinto lugar, que vai discutir com o Marítimo até ao fim. Os insulares, recorde-se, jogam contra FC Porto e Sporting nesta reta final, pelo que a vida nunca será facilitada. Triunfar esta tarde era obrigatório, a qualquer custo. O Rio Ave conseguiu-o na marca dos 11 metros.