O passado é apenas isso mesmo: passado. E este domingo, no «novo» Alvalade, que recebeu o espetador oito milhões, o Sporting não conseguiu - nem de longe - repetir o feito de há precisamente 79 anos, quando os leões, neste mesmo dia, mas da época 1935/1936, receberam e golearam o Boavista por 9-1.

O início da partida até prometia um leão feroz e goleador, mas em pouco mais de cinco minutos percebeu-se que este jogo não ia ser tão fácil como o foi para Manuel Soeiro (2), Francisco Lopes (2), Adolfo Mourão (2), Costa (2) e Pedro Pireza, no já há tanto tempo demolido Campo Grande 412.

Adrien Silva até marcou o golo mais rápido da Liga 2014/2015, aos 15 segundos de jogo, mas o Boavista respondeu e igualou logo a seguir, através de Zé Manel. Empate que levou o jogo para um rumo diferente daquele que se esperava.

Valeu o golo de Slimani para dar a vitória ao Sporting, que assim aumentou a vantagem para o Sp. Braga. Os bracarenses estão agora a dez pontos da formação de Alvalade e, quando faltam disputar-se apenas 15, só uma hecatombe afasta os leões da pré-eliminatória da próxima Liga dos Campeões.
 
SPORTING-BOAVISTA, 2-1
 
Mas estes três pontos foram conquistados em 90 minutos:

Com os regressos de Cédric e Tobias na defesa, o Sporting entrou bem na partida até por sorte. Mau atraso de Philipe Sampaio, com João Mário a pressionar, e Adrien Silva a aparecer no sítio certo para fazer o 1-0 a favor dos leões.

Só que esse tento, percebeu-se logo, fez mal à equipa de Alvalade e bem à do Boavista.

A equipa de Petit ajustou-se na defesa e começou a saber sair em contra-ataque. Seguiram-se várias dessas situações, até que aos sete minutos, Zé Manel iniciou a jogada e terminou-a de cabeça na baliza de Rui Patrício, após contar com a ajuda de Tengarrinha e Cech que lhe fez o último passe. 1-1.

O Sporting tentou responder, mas Afonso Figueiredo e Beckeles estavam atentos às poucas investidas leoninas nos dois corredores. Ainda assim, mais pela ousadia de Jefferson e Cédric é que se seguiram algumas faltas, com os leões a mostrarem pouco jeito para os livres.

E, assim, enquanto o Sporting perdia o controlo do jogo e via os axadrezados chegarem-se à área de Rui Patrício, Marco Silva no banco percebia que a equipa precisava de mais.

Por isso, pouco passava da meia hora, e só com uma oportunidade frouxa de Tanaka pelo meio e um quase autogolo de Apindangoye, o técnico fez entrar Slimani; tirou Rosell e pôs-se a jogar com dois avançados.

A mudança e a confiança que o argelino dá, ainda que não esteja na melhor forma, devido à recente lesão, deu outro ânimo. E, aos 39 minutos, Slimani quase marcava: boa jogada de entendimento, com Tanaka a entregar para João Mário e o «camisola 9» a aparecer na distracção de Philipe Sampaio para rematar, mas, pela escorregadela, sem força.

O desempenho verde e branco não intimidava o da pantera, que continuava a sair bem em contra-ataque.

E, já nos descontos, quando Leozinho - um dos mais ativos dos axadrezados - seguia isolado para a baliza, Paulo Oliveira não se fez ao lance, e a inexperiência de Tobias Figueiredo voltou a dar de si. Como aconteceu em Penafiel: o central agarrou o extremo do Boavista e foi expulso. Na marcação do livre, Zé Manel levou a bola à barra.

FILME DO JOGO, AO MINUTO

Na segunda parte, apareceu a segurança de William - hoje mais tremida, uma vez que foi para central. E a jogar com dez o Sporting soube ser mais equipa do que o Boavista. Mesmo assim, foi a formação visitante que entrou melhor e, aos 47 minutos, Tengarrinha pôs à prova Rui Patrício. Saiu-se bem o guardião.

Era a vez de o Sporting também aproveitar o contra-ataque e assim foi. Aos 54 minutos, bom cruzamento de Nani para a cabeça de Adrien Silva, com o médio a obrigar Mika a esticar-se. A seguir foi Slimani quem voltou a chamar o guarda-redes do Boavista ao jogo, mas sem muito esforço.

Ameaçava o Sporting, mas o Boavista também ia chegando à área, de longe e de perto. Aos 61 minutos, do meio da rua, Brito levou a bola a passar perto da baliza verde e branca.

Só que quem não marca sofre e, ainda que não tivesse havido oportunidades claras, Slimani voltou a resolver. Aos 66 minutos, Carrillo começou a mostrar-se mais em jogo e apareceu no flanco direito a dar para o argelino, que, com muita cabeça fez, o 2-1.

Rendeu-se o Boavista, soltou-se o leão. Se o primeiro golo não fez bem ao Sporting, o segundo fez. Os leões começaram a subir no terreno, atentos à quebra dos axadrezados e, aos 71 minutos, não fosse o fora de jogo mal assinalado, Carrillo podia ter feito o 3-1.

Até ao final da partida, mais Sporting, mas mesmo assim sem perigo. O perigo só apareceu já nos minutos finais e foi na área contrária, quando Uchebo viu a bola, que chutou à baliza, ser aliviada por William. E ainda houve tempo para Philipe Sampaio ver dois amarelos seguidos e restabelecer a igualdade numérica em campo.

Assim, o Sporting segurou um resultado que não foi fácil de conseguir, mas que muito jeito lhe dá nas aspirações da época.