O FC Porto em contrarrelógio não chegou para levar de vencido o Moreirense, num campo cada vez mais maldito para os dragões. Dois pontos ficaram na muralha que a equipa da casa ergueu em frente à sua baliza e o líder do campeonato pode mudar no final desta jornada, se o Sporting vencer o V. Guimarães.

A exibição do FC Porto andou longe dos dias gloriosos mas a falta de eficácia voltou a ser muito dura para os azuis e brancos, que, de repente, viraram as costas à baliza. Desde aqueles 45 minutos no Estoril, o FC Porto só marcou um golo em três jogos.

O empate penaliza, ainda, a equipa portista que não consegue aproveitar o deslize do Benfica, ontem, no Restelo. Havia a oportunidade de cavar um fosso de quatro pontos, com um jogo a menos. Ficam os dois que havia e menos uma viagem no carrossel.

Como quase sempre neste mundo da bola, as duas partes foram diferentes, mas o pano de fundo o mesmo: FC Porto ao ataque. Se no primeiro tempo, o Dragão foi paciente, no segundo foi asfixiante. Encostou o Moreirense às cordas, carregou, carregou mas não marcou. Ou melhor, quando o fez, no último lance do jogo, Waris estava adiantado. Uma boa decisão de Luís Ferreira, a somar à justa expulsão de Boubacar, nos descontos. Só terá falhado antes, num lance de grande penalidade, em que Jhonatan atingiu Felipe com um soco na cara numa disputa aérea.

Mas já lá vamos a essa reta final. O primeiro tempo, como se disse, foi de um domínio menos intenso. O azul do FC Porto esteve presente mas em tons mais claros, ainda que o Moreirense não tenha feito qualquer remate. Em sentido inverso, o FC Porto começou este período a rematar, num canto que Felipe emendou para a primeira defesa de Jhonatan no jogo, e terminou-o da mesma forma, numa bomba de Óliver dentro da área que o mesmo Jhonatan deteve.

Pelo meio, o futebol portista viveu muito daquilo que Óliver lhe deu. O espanhol jogou ao lado de Herrera, no primeiro ensaio sem Danilo, com o reforço Paulinho, em estreia absoluta, a cair para a direita. Com outras armas, Conceição mantinha o desenho que tem sido mais habitual. Sérgio Vieira respondia à letra, com menos mexidas: Tozé rendia o castigado Neto.

Um dos principais problemas do FC Porto do primeiro tempo foi o apagão de Brahimi. O argelino esteve uns furos abaixo do habitual esta noite e, sobretudo na primeira parte, a sua inspiração fez falta. O lance mais evidente foi mesmo o livre estudado, com bola picada por Alex Telles, que desperdiçou de forma incrível.

Já Paulinho, no outro flanco, embora ainda desfasado dos colegas em alguns momentos, mostrou que a sua contratação não foi à toa: há futebol naqueles pés e algumas aberturas para Marega e Aboubakar mostraram-no.

Ora, o segundo tempo, então, foi diferente. Sentido único, mais FC Porto e o Moreirense, que já pouco tinha atacado, a abdicar de vez. Muito compacta, a equipa de Sérgio Vieira tem no duplo pivot do miolo, formado por Boubacar e Alfa Semedo, parte do segredo do sucesso. Muito poderio físico que o FC Porto não conseguiu contrariar.

Claro que tudo poderia ter corrido de outra forma se o lance do minuto 51 tivesse outro desfecho. E parecia tão simples que assim fosse. Falamos do livre de Alex Telles que beijou a trave, bateu em Jhonatan e com meio estádio a gritar golo, face à presença de Felipe, acabou pela linha final, após um corte verdadeiramente espetacular de Ruben Lima. O momento do jogo.

Sérgio Conceição iniciou o jogo dos bancos lançando Soares, que tentava as pazes depois da confusão na Taça da Liga. O brasileiro, só à sua conta, desperdiçou três lances de golo, com três desvios de cabeça que erraram o alvo, um deles a dois metros da baliza.

Waris e Sérgio Oliveira foram outras opções do treinador portista, ao passo que Sérgio Vieira foi refrescando o ataque, trocando peça por peça, mas a verdade é que a equipa já há muito que só defendia e o único propósito das unidades de ataque era evitar que a pressão portista fosse feita por ainda mais homens.

O FC Porto carregou, o Moreirense defendeu e o nulo manteve-se até quando a bola passou a baliza e lançou a euforia em vão nas bancadas. A noite não era de festa para o FC Porto. Sorria o Moreirense, que, depois de travar o Sporting, fez o mesmo contra os dragões. Para uma equipa que ocupa o antepenúltimo lugar, não está nada mau.