A FIGURA: Raphael Rossi

O campinense que nas últimas épocas representou o Swindon Town, no terceiro escalão do futebol inglês, veio de facto para acrescentar ao Boavista. Chegou no início da época e não demorou a impor-se como o patrão da defensiva axadrezada. Esta noite, voltou a perceber-se porquê: em poucos minutos fez um passe mortal a isolar Fábio Espinho, no lance que o Boavista inauguraria o marcador, e em seguida salvou um golo contrário, ao aparecer para um corte salvador na pequena área. Mais uma excelente exibição, tal como havia feito no Dragão, na jornada anterior.

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O MOMENTO: emoção de Vagner com apoio axadrezado  

Momento do jogo? Não foi o golo de Ruiz, nem o empate por Tomané. Não foi qualquer defesa ou corte milagroso. Nem sequer uma oportunidade desperdiçada. O momento da noite no Bessa surgiu já depois do apito final e aconteceu junto do topo norte do estádio. A equipa do Boavista dirigiu-se para junto da claque do Boavista, que ofereceu o megafone a Vagner. O guarda-redes brasileiro não conteve as lágrimas e cantou com os adeptos. Recorde-se que nos últimos dias o profissionalismo de Vagner foi colocado em causa, após a derrota da equipa de Jorge Simão frente ao FC Porto, na jornada anterior, tendo originado uma denúncia anónima ao Ministério Público.

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OUTROS DESTAQUES:

Idris

Mesmo sem a capacidade de pautar o jogo e de criar de David Simão, ausente do jogo por lesão, o Boavista não perdeu o meio-campo. Muito por culpa do senegalês. A dimensão física de Idris é preponderante no jogo axadrezado. Esta noite, quase sozinho – já que Gilson esteve muito apagado – controlou o setor defensivo da zona intermediária, ganhando cada lance dividido.

Renato Santos e Mateus

O Boavista criou particular perigo pelos flancos e a verdade é que a velocidade e técnica de Renato Santos sobre a direita foi uma constante ameaça para a defensiva do Tondela. Tal como aconteceu pela esquerda com Mateus, que esteve bem perto do golo com um remate ao poste à meia-hora de jogo.

Rochinha

Entrou aos 64', quando Jorge Simão resolveu tirar Gilson e arriscar um pouco mais, e veio mexer com o jogo. Rochinha teve por duas vezes o golo nos pés (72' e 80'). Foram dele as melhores oportunidades do Boavista na reta final do jogo. Merecia ter entrado mais cedo.

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Tyler Boyd

O neozelandês está nos antípodas do que é o estereótipo de um desportista do seu país. Não faz o haka, nem danças maori, não faz ensaios, nem as formações ordenadas, do râguebi… Em contrapartida, joga bom futebol. A jogar sobre a direita do ataque beirão, colocou em sentido a defesa axadrezada com a velocidade dos seus raides ou, em alternativa, com cruzamentos perigosos e remates cheios de intenção.

Tomané

Como um predador ele ronda a área. Umas vezes cai nos flancos, procura outros terrenos, outras aparece felino a atacar o espaço, no seu habitat natural. Foi assim que surgiu o golo. Canto na esquerda e lá estava ele a antecipar-se a Henrique e a desviar com classe de cabeça, deixando o guarda-redes do Boavista pregado ao relvado. No segundo tempo, num lance semelhante voltou a introduzir a bola na baliza, mas o golo haveria de ser anulado por fora de jogo. Depois disso, já nos descontos, voltou a estar a centímetros do golo, um remate de fora da área.