Entre o sonho e o pesadelo, acabou por ser o Rio Ave a sorrir.

Os vila-condenses recuperaram o quinto lugar – perdido horas antes para o Marítimo – e mantém a luta pela Europa acesa. Por sua vez, o Estoril tem de arrepiar caminho de modo a que o pesadelo da descida não se torne realidade.

Um jogo bem disputado entre duas equipas que gostam de ter a bola. Apesar do desaire (2-0), o Estoril foi um adversário difícil para os vila-condenses. Os canarinhos tiveram ousadia e capacidade quanto baste para roubar a bola ao adversário, algo que não é fácil. Criaram oportunidades suficientes para saírem de Vila do Conde com outro resultado.

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Se a tarefa do Estoril adivinhava-se complicada antes do pontapé de saída, pior ficou após uma sucessão de erros logo a abrir. Renan Ribeiro assinou uma reposição de bola terrível, João Novais recuperou e serviu o regressado Geraldes (uma de três mudanças no onze). O médio cedido pelo Sporting ultrapassou um adversário e foi derrubado por Gonçalo Santos, dentro da área. Pelé converteu a grande penalidade e adiantou a equipa de Miguel Cardoso.

O golo vila-condense não beliscou em nada a postura do Estoril. Contudo, os canarinhos continuaram a não conseguir materializar o ascendente que tinham na partida. Aliás, nem criaram ocasiões soberanas para igualar. Um remate fraco de Mano (18’) foi de facto o melhor que conseguiram em vinte e cinco minutos.

A espaços os homens de Miguel Cardoso mostraram o futebol que os caracteriza. Futebol de toque em espaços curtos, à boleia do talento de Geraldes. De imediato, criaram situações para ampliar a vantagem. Diego Lopes (25’), após um grande desenho ofensivo, desperdiçou na cara de Renan Ribeiro e depois, soltou-se o génio de Geraldes: arrancada na esquerda, túnel a Halliche e quando ensaiava o remate, Dankler apareceu – qual pronto-socorro – para anular o lance.

Acabou por ser através de um lance de bola parada que o Estoril criou a primeira situação de perigo junto à baliza de Cássio. O guarda-redes brasileiro aplicou-se para negar o golo a Ailton, após canto de Eduardo (33’). Mais tarde, Pelé errou um passe em zona proibida e Lucas por pouco não aproveitou. O pontapé saiu ao lado.

Ao contrário do oponente, o Rio Ave revelou-se extremamente eficaz. Recuperação de bola em zona adiantada de Tarantini, com Guedes a surgir na esquerda e cruzar para o toque subtil de Geraldes. 2-0 e o Estoril de rastos, a escassos minutos do intervalo. O cenário poderia ser pior para a equipa da Linha se Guedes tivesse conseguido corresponder da melhor forma ao cruzamento de Yuri, ao cair do pano do primeiro tempo.

O resultado era injusto face ao que as duas equipas apresentavam.

O Rio Ave sentou-se confortavelmente na vantagem construída na etapa inicial e esperou a reação do Estoril. Ivo Vieira lançou André Claro e Pêpê para os lugares de Eduardo e de Bruno Gomes e a sua equipa criou muito mais. O desperdício, porém, continuou.

Victor Andrade foi, talvez, o rosto do esbanjamento canarinho. Isolado por Pêpê – discutível a opção de o relegar para o banco – tentou picar perante Cássio, mas a bola encaminhou-se caprichosamente para fora. Antes, Ewandro viu Cássio brilhar com uma palmada (63’).

A última oportunidade canarinha nasceu do talento de Allano, a última cartada de Ivo Vieira. Ultrapassou Lionn, entrou na área e tentou a assistência. Pedia-se o pontapé, num lance que acaba por espelhar a falta de confiança que afeta toda a equipa.

Mano ainda acabou expulso, mas o resultado já estava feito e a vitória entregue. O Estoril terá de encontrar rapidamente a regularidade para conservar o lugar entre os grandes. O ciclo – sete jogos sem vencer – assusta, mas a qualidade está lá e permite imaginar um futuro mais risonho. Em sentido contrário, o Rio Ave continua a fazer dos Arcos a sua caixa-forte e cumpriu, mesmo sem encantar.