O Sporting regressou às vitórias em Coimbra, no reduto da aflita Académica, com uma exibição autoritária e um resultado que permite ao leão recuperar a pose e partilhar a liderança da Liga com FC Porto e Arouca, embora os dragões tenham menos golos sofridos.

Carlos Mané, Slimani e Aquilani marcaram os golos da equipa de Jorge Jesus (1-3) num jogo em que ficou evidente a falta de argumentos desta Académica, uma de duas equipas ainda sem pontos no campeonato. Sete golos sofridos em duas partidas caseiras e apenas um marcado, numa grande penalidade mal assinalada e convertida por Rabiola.

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O árbitro Bruno Esteves envolveu-se aliás numa rábula de castigos máximos com saldo positivo, à justa. Adrien não parece fazer falta sobre Leandro Silva, Slimani foi carregado por João Real em cima do intervalo e Fernando Alexandre cometeu duas grandes penalidades bem assinaladas na segunda metade. Pelo meio, Jorge Jesus foi expulso.

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Mané e Slimani no onze para definir o caminho

O treinador do Sporting fez as alterações esperadas neste regresso ao panorama nacional, após o amargo dissabor europeu. Ricardo Esgaio substituiu o castigado João Pereira, Jefferson recuperou o lugar à esquerda, Slimani devolveu Aquilani ao banco e Carlos Mané teve uma oportunidade face ao desgaste acumulado de Bryan Ruiz.

Seria Carlos Mané, precisamente, a evidenciar as fragilidades desta Académica. Privado de Aderlan, José Viterbo apostou em Nii Plange mas o ala desiludiu e não conseguiu impedir o golo do extremo ao quinto minuto de jogo.

Grande passe de Adrien para as costas dos defesas-centrais, Nii Plange permitiu a Mané surgir em posição regular e a aposta de Jesus fez o resto, batendo Lee com um remate cruzado.

O Sporting chegou à vantagem no primeiro remate da partida mas viria a justificar esse facto com naturalidade, face a um adversário perturbado pela goleada sofrida em casa na jornada anterior, frente ao V. Setúbal (0-4), e pouco adaptado à estratégia delineada por José Viterbo.

Leandro Silva e Selim Bouadla, mais habilitados para jogar pelo centro, surgiam a pender para os flancos, com Ivanildo a ter o papel de criativo ao lado de Rabiola. Esquema infeliz e sem resultados positivos.

Não admira portanto que a Académica tenta chegado à meia-hora de jogo sem registo de ensaios à baliza de Rui Patrício.

O Sporting, por outro lado, jogava sem marcas visíveis do efeito Champions e dominava por completo o ritmo do encontro. Ao minuto 24, aliás, marcou o segundo com um toque de classe de Slimani. Carrillo explorou um buraco à direita e serviu o argelino, sem que João Real tivesse anulado o lance. À saída de Lee, belo chapéu de Slimani com o pé esquerdo.

Bruno Esteves a irritar leões

Tudo parecia resolvido em Coimbra mas a história estava longe do seu fim. A caminho do intervalo, a equipa de arbitragem liderada por Bruno Esteves descortinou uma grande penalidade num lance em que Adrien só parece tocar na bola. Leandro Silva caiu, Rabiola aproveitou e bateu Rui Patrício na primeira tentativa.

A Académica regressava ao jogo sem fazer por isso e o caldo entornaria pouco depois, quando o Sporting ficou a reclamar novo penálti, desta vez a seu favor. Lance duvidoso, em que João Real toca primeiro na bola, esta desvia em Slimani mas continua em jogo quando o central – que entrara de carrinho – acerta em cheio no argelino. O árbitro não terá interpretado dessa forma, mas havia motivo para a marcação do castigo máximo.

Ora o Sporting, agastado com uma sucessão de episódios, reagiu da pior forma e perdeu a concentração. Não perdeu apenas isso. Jorge Jesus foi expulso por protestos e viu a segunda parte da bancada, com Bruno de Carvalho acompanhá-lo por iniciativa própria no trajeto. Nas redes sociais, ao intervalo, o Sporting reforçava a sua luta por novas tecnologias para auxiliar os árbitros.

Briosa acreditou mas pouco

A segunda parte começou com um fora-de-jogo mal tirado a Bouadla, quando o reforço da Académica se isolava, e uma nova postura dos estudantes, agora encaixados de forma harmoniosa em 4x3x3 e dispostos a aproveitar um período de hesitação leonino.

O efeito não se prolongou, porém, e o Sporting voltou a crescer com uma hora de jogo, montando o cerco à baliza de Lee.

Na tal rábula das grandes penalidades, haveria espaço para duas a favorecer a formação lisboeta e ambas bem assinaladas. Adrien atirou ao poste na primeira mas Aquilani, vindo do banco, aproveitou nova falha de Fernando Alexandre (viu o segundo amarelo e foi expulso) para fixar o resultado final. Foi Jorge Jesus a decidir que seria o italiano a bater o novo castigo máximo e não Adrien Silva.

Resultado com inteira justiça num jogo demasiadamente marcado pela arbitragem de Bruno Esteves. Protagonismo indesejado e evitável.